Paracatu e suas histórias

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Diferentemente de outras cidades de Minas Gerais, que tiveram origem vinculada à atividade mineradora, Paracatu só conheceu essa atividade, oficialmente, em 1744. A cidade teve, antes e após a mineração, uma de suas principais atividades vinculada à pecuária – principalmente o couro. Assim, a formação social de Paracatu conheceu dois momentos distintos: a vida requintada e luxuosa da mineração e a vida social igualitária da criação.

O significado do patrimônio de Paracatu está diretamente relacionado à sua posição geográfica, ao ciclo do ouro e à fixação populacional no interior do Brasil. Seu patrimônio testemunha a expansão e fixação da rede urbana no interior do noroeste mineiro, bem como do processo de interiorização do Brasil. Assim, sob o título de “Conjunto Histórico de Paracatu – MG” inscreveu-se o bem no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do Iphan.

Com a construção de Brasília, Paracatu passou por várias transformações urbanas. O núcleo colonial passa a ser modificado, fazendo com que o colonial ceda espaço ao moderno muito rapidamente. Foi nesse contexto, e pela relevância desses bens coloniais, que as Igrejas da Matriz e do Rosário foram tombadas pelo Iphan em 13 de fevereiro de 1962, processo nº 636-T-61, inscrição nº 466, constando do Livro de Belas Artes, v. 1, p. 86.

O interior do Brasil Paracatu, foi esquadrinhado pelos bandeirantes,pelos pecuaristas e pelos aventureiros durante todo o período colonial. Segundo o historiador Antônio de Oliveira Mello, a região Noroeste de Minas Gerais foi visitada, conhecida e perscrutada deste o final do século XVI. Ele reuniu indícios de que os bandeirantes de Domingos Luis Grau (1586-1587), Antônio Macedo (1590), Domingos Rodrigues (1596), Domingos Fernandes (1599) e Nicolau Barreto (1602-1604), palmilharam esta região. [1]

Em 1744 os bandeirantes Felisberto Caldeira Brant e José Rodrigues Frois comunicaram à coroa o descobrimento das minas do vale do Paracatu. [2] Existem indícios de que o arraial já havia sido fundado a muitos anos antes, pois a essa época já se tem conhecimento da existência de casas de moradas e igrejas no local. Após essa descoberta, não surgiu no cenário das Gerais nenhuma nova região aurífera de importância. Portanto, “A última grande descoberta aurífera das Minas Gerais ocorreu no Vale do Rio Paracatu no início do século XVIII”. [3]

A conquista da região vinha sendo estruturada há muitos anos. Em 1722, quando Tomás do Lago Medeiros recebeu a patente de Coronel de Paracatu, o direito de guardamoria e o privilégio de distribuição das datas de terra desta região, o ouro não havia sido descoberto, mas a região já era conhecida e havia a expectativa da descoberta de metais preciosos por ali. Em documento datado de 1722, era exigido dele como contrapartida pelos privilégios recebidos, zelar pela boa composição do povoamento a ser estabelecido nestas paragens:

…terá grandíssimo cuidado de que na gente com que entrar na dita conquista haja toda quietação e sossego, para o que aproveitara muito não levar em sua companhia criminosa, nem malfeitores antes pessoas que vão só a ela, não por fugirem á justiça mas por buscar a conveniência nos descobrimentos…[4]

Os cuidados que as prováveis regiões mineradoras mereciam das cortes portuguesas indicam a importância dessa atividade para a economia da época.

Descoberto a ouro, a atração exercida pela abundancia com que este fluía de seus veios d”água contribuiu para o rápido crescimento do Arraial de São Luiz e Sant”Anna das Minas do Paracatu. Após período de grande crescimento, o arraial foi elevado a vila com o nome de Paracatu do Príncipe, em 1798, por um alvará de D. Maria (a louca).[5]

A efêmera riqueza logo se dissipou e o declínio produtivo do ouro aluvial provocou a decadência econômica da vila. Dos tempos de glória, a cidade conservou duas igrejas construídas no século XVIII – tombadas pelo patrimônio histórico – que abrigam uma grande coleção de imagens sacras dos séculos XVIII e XIX.

A cidade retomou seu crescimento com base na agropecuária e viveu uma efervescência cultural no século XIX, da qual ainda hoje se orgulha. Desta da época ainda existe um conjunto arquitetônico com características particulares e um interesse por todos os tipos de manifestações artísticas e culturais.

Em meados do século XX, com a construção de Brasília, a região tomou novo impulso e Paracatu beneficiou- se de situação às margens da BR040. A transferência da capital federal para o interior do país já havia sido sugerida durante o período monárquico por José Bonifácio de Andrade, que apontou como ideal a localização da comarca de Paracatu. A modernidade chegou trazendo inúmeras transformações, que vão desde um incremento da economia até uma mudança de mentalidade que inclui novos valores, nova arquitetura e novo estilo de vida.

Paracatu conta hoje com uma agricultura altamente tecnificada, implantada em larga escala; com uma pecuária intensiva; uma exploração mineral das mais modernas do mundo; convivendo com uma exploração agrícola rudimentar de subsistência e uma pecuária extensiva. No campo da mineração, o antigo método do garimpo foi interditado.

A cidade se mantém como polo irradiador de cultura, de tecnologia e de desenvolvimento dentro da região Noroeste de Minas Gerais e se orgulha de sua gente hospitaleira, laboriosa artística e cultural.

Paracatu terra de contrates que mistura rusticidade e simplicidade com cultura e sofisticação aguarda sua visita.

Fonte: IPHAN.gov.br / Paracatu Memoria
*Permitido compartilhamento e ou cópia desde preservada a fonte (LEI Nº 9.610/98)

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