Iemg e antigo Palacete Santa Mafalda estão entre as 166 escolas estaduais em que a história mineira se junta à modernização de ambientes escolares
Preservar a história de Minas Gerais com a revitalização de prédios tombados e garantir a modernização de escolas estaduais, em um ambiente de aprendizado único, onde a memória permanece viva unindo-se à educação. Isto é parte do legado do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), ao revitalizar 166 escolas estaduais, com investimentos de R$ 85,7 milhões, entre 2019 e 2024.
O trabalho é resultado de uma série de obstáculos superados desde o início da gestão, já que restaurar prédios tombados é um desafio que vai além das reformas tradicionais. A escassez de mão de obra especializada e a dificuldade em encontrar materiais específicos estão entre as principais dificuldades.
Para a subsecretária de Administração da SEE/MG, Luciana Quaresma, o esforço do Estado na recuperação de estruturas históricas não só preserva um patrimônio público, mas também fortalece a identidade cultural das comunidades.
“É muito importante para a SEE/MG fazer o resgate dessas escolas, que também representam nosso patrimônio histórico. Sabemos o quanto esses prédios escolares significam para as comunidades que estão ao redor, guardando histórias de crescimento da vida das pessoas e da nossa rede de ensino”, diz.
Trabalho de restauração
O trabalho de restauração é complexo e demanda muito tempo de dedicação. Há casos em que peças, como pisos e esquadrias, precisam ser produzidas artesanalmente para replicar as características originais da época em que as escolas foram construídas. Além disso, a restauração de obras de arte, como afrescos e esculturas, exige a contratação de artistas qualificados, capazes de preservar a integridade cultural do prédio.
Além do investido, o Governo de Minas já prevê 72,5 milhões para concluir mais obras em unidades tombadas. “Investimos em obras de alta complexidade e também precisamos garantir que esses prédios sejam adaptados para os melhores padrões de segurança, acessibilidade e conforto para os nossos estudantes, sem perder a característica histórica, cultural e patrimonial que cada um deles significa para nossa comunidade”, completa Luciana.
Instituto de Educação
Com uma longa trajetória de contribuição para a educação mineira, o Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg), fundado em 1907 após transferência da capital para Belo Horizonte, está entre as escolas contempladas com um amplo trabalho de restauração.
O Governo de Minas está investindo R$ 42 milhões em três anos de revitalização da unidade emblemática da rede estadual, atingida por um incêndio acidental em 2023. As obras estão sendo executadas pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra).
“É um prédio que reúne muitas histórias de Belo Horizonte e da nossa rede. Estamos trabalhando, ambiente por ambiente, para que toda a identidade do prédio seja resgatada, com as características originais e para que nossos estudantes possam voltar com o conforto e a qualidade que eles merecem”, celebra Luciana Quaresma.
Com 117 anos de história, o Iemg atravessa a trajetória de milhares de estudantes. Entre eles, o arquiteto e mestre em engenharia civil Henrique Hoffman, que iniciou na educação infantil e concluiu o ensino médio no instituto. Ele retornou à unidade expondo na mostra Modernos Eternos, instalada na escola na edição de 2024, durante os meses de junho e julho.
“Foi uma honra voltar a esse prédio icônico e poder contribuir com a minha arte. A minha intervenção foi uma forma de homenagear os profissionais da educação e os alunos. Ressignifiquei a canção ‘Coração de Estudante’, de Milton Nascimento, para simbolizar a importância da educação e o cuidado com os brotos, as nossas crianças, para que elas possam crescer, florescer e dar frutos”, detalha o arquiteto, que está em processo de doação das obras junto aos órgãos patrimoniais.
A parceria com a mostra deixa um legado estimado em R$ 1,2 milhão, o que inclui a revitalização de banheiros e jardins clássicos, cortinas de veludo para teatro e entrada, tacos de peroba e centenas de vidros árticos fiéis à época.
“A escolha pelo Iemg foi uma pérola, uma referência de ensino para o Brasil. Os diretores, professores e orientadores que passaram por ali eram poliglotas, escritores, poetas e artistas. Além da arquitetura maravilhosa, que se funde com a história da inauguração de Belo Horizonte”, comenta a realizadora da Modernos Eternos, Josette Davis.
Uma década de espera
Adquirido pelo Estado em 1907 para abrigar o primeiro grupo escolar de Minas Gerais, em Juiz de Fora, a Escola Estadual Delfim Moreira reabriu as portas do Antigo Palacete Santa Mafalda, em 2023, após uma década de espera da comunidade.
A escola atende a mais de 860 estudantes em dois pavimentos, que mantêm elementos clássicos das construções no Brasil do final dos séculos XIX e início do século XX. Com R$13 milhões investidos, a unidade reinaugurou com foco no Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI).
“Oferecemos salas arejadas aos estudantes, servidores e professores. Além de vários espaços de riqueza pedagógica, como laboratório de ciências, sala de informática, biblioteca, quadra poliesportiva, sala de estudos e de convivências, com bancos e fótons pelos corredores, onde eles trabalham nos clubes de protagonismo, uma indicação do EMTI”, relata a diretora da instituição de ensino, Letícia Natalino.
Sabará, Ouro Fino, São João del-Rei e outras
As centenárias escolas estaduais Paula Rocha, em Sabará, e Coronel Paiva, em Ouro Fino, também são exemplos de escolas totalmente revitalizadas e entregues às comunidades durante a atual gestão, com recursos somados de R$ 6 milhões.
Outras estão em processo de restauração, como a Escola Estadual João dos Santos, em São João del-Rei, onde estudou o presidente eleito Tancredo Neves. Com obras conduzidas pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG), a unidade já recebeu R$ 2,8 milhões e tem previsão de obter mais de R$ 7 milhões para conclusão.
Preservação contínua
Para preservar os prédios revitalizados entregues, o trabalho da SEE/MG junto às 47 Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e milhares de gestores escolares é contínuo, por meio de repasses dos recursos de Manutenção e Custeio e orientações da cartilha própria sobre manutenção predial.
“Todos os prédios restaurados e tombados vão ser administrados a partir da sua particularidade. Isso significa que aquilo que foi restaurado será mantido originalmente e a manutenção vai levar isso em conta no plano estruturado, para que a conservação seja garantida para os próximos anos”, explica a subsecretária Luciana Quaresma.
A SEE/MG também possui Corpo Técnico de Engenharia em todas as SREs e no órgão central, que acompanham intervenções de pequeno porte, além da restauração e reforma total da edificação, seja via Caixa Escolar ou Seinfra. Além disso, a maior ferramenta utilizada é a conscientização dos estudantes, e da comunidade escolar, de que o Patrimônio Histórico das escolas estaduais deve ser bem utilizado, cuidado e preservado.