Sou fã incondicional da Capitu, a detentora do eterno dilema de Bentinho, que se achava “corno”, mas nunca teve a certeza do fato. Minha predileção vem de muito longe, de tempos que eu mal entendia o significado e o peso do adultério, pois quando li pela primeira vez Dom Casmurro (sim, li mais de uma vez, duas ou três vezes para ser mais exata) estava entrando na adolescência e o fiz por pura obrigação, já que a professora de português daria pontinhos a mais na média final para quem o lesse. Óbvio que nas leituras seguintes já não havia nenhum premio pela leitura a não ser, é claro, a recompensa que somente um bom livro pode nos dar.
Mesmo não entendendo exatamente a dor e o desespero de Bentinho, me fascinou a espontaneidade, ambigüidade e a nuvem de mistério que envolvia Capitu. Note-se que o livro é contado na primeira pessoa, sempre pela ótica de Bentinho, que ao mesmo tempo em que exaltava as qualidades da esposa, deixava a eterna dúvida – cujas interpretações dos leitores são as mais variadas – sobre a traição ou não de Capitu com seu melhor amigo, Escobar. A trilogia do romance é a famosa pergunta: Capitu era ou não culpada de adultério?
Eu tenho minha própria teoria sobre esse enigma que o livro suscita e a defendo com unhas e dentes, porém não quero tirar o prazer da descoberta ou mesmo a curiosidade que este clássico da literatura brasileira tem o poder de instigar.
Ademais, falar muito sobre o livro seria um desperdício, afinal nada como a leitura prazerosa do mesmo para descobrir sua própria interpretação a respeito dos misteriosos ‘olhos de ressaca’ de Capitu…
Para finalizar, Dom Casmurro foi escrito em 1900, por um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis, sem nunca ter deixado de ser atualíssimo.
Por Claudete de Campos, advogada.
