Celebrada em agosto a “Semana Nacional da Família”, iniciamos outubro com a “Semana Nacional da Vida” e o “Dia do nascituro”. Duas celebrações do compromisso cristão na intransigente defesa e promoção da vida humana. A vida é um valor absoluto, intocável. Seja respeitada. Cuidemos de defendê-la. Devemos salvá-la contra as ameaças que se levantam contra ela. Só Deus, autor e princípio da existência humana, pode dispor de nossas vidas.
A propósito do momento eleitoral, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acaba de lançar um pronunciamento muito oportuno e esclarecedor, que publicamos nesta edição. A CNBB reafirma sua recomendação, anunciada numa nota anterior (de 16 de setembro), para que os eleitores procurem escolher “pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”. O grifo é nosso. A mesma recomendação aparece na “Declaração sobre o Momento Político Nacional” de 11 de maio passado. Sem citar nomes nem partidos, como tradicionalmente age em pronunciamentos políticos, a CNBB se limita a lembrar aos eleitores esses princípios evangélicos e intransigentes da doutrina católica. Ninguém é tão ingênuo que não entende o recado acima. Foi o que fez o Sr. Cardeal Dom Odilo Scherer, de São Paulo. Ele deu um importante passo adiante. Alinhado à posição da CNBB, o Sr. Cardeal recomenda o voto dos católicos “em pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida” e exige dos candidatos à presidência clareza nas declarações em programas de TV e nas campanhas públicas.
Ora, quem não ouviu a candidata alardeando sua posição a favor da “clínica da mulher”, um eufemismo que procura esconder ou disfarçar o descarado propósito abortivo? Outro disfarce: quem não viu a “piedosa senhora” num batizado, “renunciando ao pecado, renunciando ao demônio”? E declara não ser a favor do aborto e ser católica. Pena que nem todo eleitor consiga entender essa ciranda de mentiras e tapeações.
Desejamos não declarações genéricas, mas uma posição clara e sem disfarces de ambos os candidatos, em defesa do direito da vida, sem nenhuma exceção para o aborto provocado. Os eleitores católicos têm direito de saber a posição determinada dos dois candidatos e o que pretendem fazer no futuro.
É, pois, muito positivo que os meios de comunicação promovam debates entre os candidatos. É um valioso e indispensável serviço. Mas é muito negativo quando esses meios se posicionam a favor ou contra algum candidato, na tentativa de fazer a cabeça dos eleitores. É muito positivo a Igreja manter sua postura de não entrar na política partidária, apenas oferecendo critérios éticos e cristãos para que cada eleitor decida em consciência a quem dar seu voto. Negativo é a busca de cargos políticos por parte de eclesiásticos e a divulgação de falsa interpretação, atribuindo à CNBB pronunciamentos pessoais de bispos em suas dioceses. Positivo é o compromisso com o respeito incondicional à vida.
Negativo é a perversa proposta abortista. Positivo é o respeito à família. Negativo é avacalhar essa instituição divina com toda e qualquer proposta de família gay. Positivo é propor plena liberdade religiosa. Negativo é exigir o banimento de símbolos religiosos de locais públicos. Positivo é o debate em que candidatos deixam de lado ataques pessoais e falam com objetividade de suas propostas de governo. Negativo foi ver certo candidato – ainda que muito bem votado – fazendo “palhaçadas e requebros” para conquistar votos.
Positivo foi o projeto de lei de iniciativa popular, já transformado em lei federal, proibindo candidatar-se quem tem sua história política marcada pelo comportamento sujo ou pelo desrespeito à coisa pública. Negativo é o esforço que alguns ainda fazem para que a lei “Ficha Limpa” não seja aplicada no atual pleito. Positivo é o candidato não ceder à tentação do “vale tudo” para eleger-se. Negativo é o descarado “vale tudo” ainda posto em prática. Positivo é o comparecimento de milhões e milhões de eleitores cumprindo um dos mais sagrados deveres de cidadania. Negativo é a traição de alguns eleitos – que receberam de seus eleitores uma verdadeira procuração – contra a vontade de quem os elegeu.
Permita Deus que, no final de contas, em todo esse processo eleitoral, o positivo supere o negativo e que o eleitor brasileiro, mais uma vez, faça valer seu direito e dever, impondo a força de seu importante e consciente voto.
