Velhas lições para um novo tempo

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Acabei de chegar da rua (mineiro tem essa mania de chamar o centro da cidade de rua), vim com uma coisa na cabeça que está me incomodando faz tempo. No sinal de trânsito próximo da Prefeitura Municipal, quase sempre a gente tem que parar, seja porque o sinal muda rápido para o vermelho, ou porque tem pedestre atravessando sem olhar o sinal, ou ainda porque nessa época do ano é comum ter um grupo de jovens pedindo dinheiro. No meio deles, uma estudante com a cara, cabelo e roupas pintadas, ou, se é um rapaz, com a cabeça raspada, todos numa grande alegria, comemorando o ingresso em alguma faculdade.

O que me agasta é esse tipo de trote, humilhante, de pedir dinheiro, “qualquer moedinha pro meu colega que passou no vestibular”. Ninguém faz conta de moedinhas, mas o problema é que não se trata de moedinhas, o problema é pedir dinheiro. Não é o caso de gente pobre, que precisa de uma ajuda para comemorar, pagar a matrícula ou seja lá o que for; são sempre jovens de classe média, abonados, que talvez depois até joguem fora essa miudalha de dinheiro. Acontece que muitos jovens classe média de hoje cresceram pedindo, sem o menor constrangimento.

Nesta hora, o meu pai, que se internalizou em mim pela educação enérgica, fala grosso: “- Não peça aos outros aquilo que é sua obrigação conseguir! Vai trabalhar!” Esta lição aprendi desde a infância, a família levando vida difícil, mas adquirindo somente aquilo que pudesse vir através do trabalho. A Deus, sim, a Deus se pede tudo, especialmente a saúde e o trabalho honesto e digno. Mas a gente quer parecer simpático, para não estragar a “festa” do calouro, acaba catando as moedinhas no console do carro, mesmo que depois fique um sentimento de culpa, algo que não deveria ter sido feito.

Alguém vai me censurar: – Ora, são apenas adolescentes se divertindo, você está levando a coisa muito a sério!

Pode ser, pode ser que eu esteja levando a coisa muito a sério, mas pode ser também que tudo na vida é experiência que pode ser transformada em lição. Não se pode começar uma vida universitária pedindo moedinhas, é deprimente. Eu me sentiria muito triste se um dos meus filhos ficasse pedindo dinheiro por aí. Um universitário deve ter a compreensão do status da educação superior e do profissional que ele pretende ser. E a pretensão realmente digna é ser respeitado pela sociedade, como muitos que se destacaram na história de nossa cidade. Enquanto isso, respeitem-se os mendigos que, pela imposição do destino, têm de bater à porta pedindo migalhas e moedinhas.

Somos obrigados a pedir muita coisa na vida: emprego, compreensão, tolerância, paciência, ajuda nos momentos difíceis e tantas coisas mais. Mas especialmente há três coisas que não se deve pedir: dinheiro e respeito – porque dinheiro se ganha; respeito se conquista. Os tempos mudaram, eu sei, mas permanecem velhas lições.

XMCred Soluções Financeiras
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