No dia mundial de combate à corrupção, manifestantes de Brasília foram reprimidos com violência extrema pela Tropa de Choque e pisoteados sem dó pela cavalaria da Polícia Militar. O motivo? Protesto pacífico, sem armas, contra o escândalo de dinheiro na cueca, no paletó, nas meias, nas bolsas e nos bolsos dos abutres do GDF.
Dois dias depois de se descobrir que Arruda é proprietário de um luxuoso haras nos arredores de Brasília, eis que o governador demonstra uma afinidade impressionante com o ex-presidente da República, general João Batista Figueiredo, tanto na paixão pelos cavalos quanto na truculência de suas polícias.
Depois do vendaval de violência é verdadeiramente impressionante ouvir os discursos do Secretário de Segurança Pública, dos comandantes da PM, do governador, dos deputados distritais, dos assessores, dos delegados, das Ongs, da CNBB, da Ordem dos Advogados do Brasil, do Alexandre Garcia e de outros “responsáveis” pela Ordem Nacional.
No embalo de toda essa falação surrealista, é importante considerar que: mesmo que o governo desfile seus cavalos, bombas de gás, escudos e cassetetes pelas ruas, mesmo que crie comissões mil, mesmo que cante de galo, que mistifique o judiciário, que invoque a Constituição, que libere milhões de reais pra todo lado, nada terá sentido algum se não se mudar, o mais rápido possível, o tratamento dado aos corruptos.
Enquanto isso, continua parado na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei de iniciativa popular (1,3 mihão de assinaturas) que proíbe a candidatura dos políticos de “ficha suja”.
As férias de noventa dias, as convocações parlamentares extraordinárias remuneradas, os apartamentos funcionais, os passaportes especiais, as passagens, a imunidade parlamentar etc. Tudo isso é motivo de indignação popular, mas não é tudo, diante de todo o surrealismo que ocorre nos bastidores desse doce mundo de privilégios.
O político profissional e os critérios viciosos para sua candidatura; a quantidade assustadora de poderes que lhe é concedido. A dialética bem que poderia seguir nesse rumo. Mudanças radicais. O salário do parlamentar passará a ser o mesmo que recebia em sua atividade profissional anterior; o parlamentar deverá permanecer na cidade pela qual se elegeu trabalhando via internet; e por fim, deverá obrigatoriamente apresentar-se todos os meses à Polícia Federal e à Receita Federal. Poderíamos assim nos livrar da praga da corrupção?