O público se mostrou atento e interessado: só na primeira parte do debate foram apresentadas dezessete perguntas, que foram respondidas pela palestrante Ana Lúcia Taveira e pelo Gerente de Relacionamento com a Comunidade Sr. Marcelo Coelho. Seis destas perguntas foram apresentadas pela Equipe do Paracatu.Net a partir de e-mails recebidos dos nossos internautas.
Várias perguntas enviadas pelos internautas foram apresentadas à empresa, entre elas, selecionamos 43, porém os assuntos eram muito distintos e nem todas foram apresentadas. Apresentamos e destacamos a seguintes:
Matheus Ferreira – Morador do Alto do Córrego – Internauta do Paracatu.Net : ”Todos os estudos e monitoramento apresentados pela empresa são feitos pela própria empresa. Não seria mais viável e daria mais credibilidade que empresas, auditores ou institutos isentos fizessem o monitoramento?”
Resposta (Ana Lúcia): ”Todos os estudos são feitos por laboratórios e empresas contratadas, apenas a coleta dos dados é feita por funcionários pela necessidade destas pessoas estarem capacitadas, preparadas e treinadas.”
Presença de Arsênio em Solos e Sedimentos
O Professor Jaime Mello, da Universidade de Viçosa, ficou com a difícil tarefa de falar sobre o polêmico tema do arsênio. Apesar da propriedade e do extenso Currículum, Jaime Marcelo não deixou a platéia convencida de suas colocações, em parte pela falta de conhecimento da própria comunidade e dos participantes, que ainda questionam e ao mesmo tempo misturam arsênio com poeira e cianeto.
O Engenheiro Alexandre Antonini falou sobre o Controle de Vibrações, outro ponto que vem sendo bastante questionado pela comunidade devido as vibrações sentidas em grande parte da cidade todos os dias e o questionamento de vizinhos da mina que argumentam que as vibrações tem causado rachaduras em suas casas.
“O que fazer para minimizar os tipos de impactos que poderíamos causar com o resultado de nossas ações.”
Cláudio – Morador do Amoreiras II – Internauta do Paracatu.Net ”A Kinross diz que as detonações das 16:00 horas não tem causado danos às nossas casas, contudo a cada dia as rachaduras da minha casa aumentam mais. Existe alguma forma de se garantir isso? Existe alguma empresa que faça esta medição e que não seja contratada pela Kinross?”
Resposta ( Ana Lúcia) “Nós fizemos estudos e análises, feitos por empresas especializadas e Engenheiros Civis. O resultado destes estudos foi que as rachaduras são causadas por questões estruturais e não são relacionadas às detonações da Empresa.”
Complementando a resposta, Sr. Marcelo Coelho: “Até 2004 a empresa não utilizava explosivo, apenas tratores. Com a dificuldade encontrada no avanço dos trabalhos, a única forma de se avançar produzindo na Mina era utilizando explosivos. Detalhando este estudo, algumas casas foram selecionadas seguindo alguns critérios: algumas mais próximas da minas, outras mais distantes, construções simples e outras mais robustas. A constatação foi que, mesmo no caso das casas mais simples, o deslocamento de ar ou a vibração provocada pela explosão não é capaz de afetar as edificações e não consegue causar danos. Todos os estudos foram feitos e deixamos a abertura para que os moradores fizessem o mesmo estudo através de outras empresas.”
Complementando a resposta: (Alexandre Antonini – Engenheiro Palestrante): “Todas as vezes que colocamos os Sismólogo, não conseguimos detectar vibrações em locais distantes da cidade. Ficando abaixo do limite mínimo.”
Divergência
Entre os participantes do Diálogo Aberto, estava o ambientalista, ex-secretário de Meio Ambiente e presidente do Movimento Verde, Antonio Eustáquio – o Tonhão. Em conversa com nossa reportagem, Tonhão defendeu a atividade da mineração, destacando que a agricultura e pecuária em nosso Município agride muito mais o Meio Ambiente do que a Mineração. “-O Rio Paracatu perdeu 35% da sua vazão nos últimos 50 anos.” Afirmou Tonhão, que já foi conhecido pelo seu trabalho contrário à atividade de mineração e como um dos mais ferrenhos opositores da prática na cidade.
Ainda durante o espaço destinado aos debates, Tonhão saiu em defesa da Mineradora Kinross quando houve o questionamento quanto às “rachaduras” das edificações próximas a Mina da empresa: “-O Cidadão no intuito de baratear o custo das suas construções, aterros, usava entulho de construções que não é o material adequado para se fazer o aterro, pois isso nunca vai dar compactação.” Tonhão ainda confirmou que tem conhecimento de dezenas de casas que são construídas sem acompanhamento técnico, sem acompanhamento da prefeitura, sem plantas e projetos. “E depois o cidadão quer questionar porque a sua casa está caindo”, Finalizou Tonhão.
Contestando o Presidente do Movimento Verde , o Sr. Mauro Mundim – Presidente da Central de Associações de Bairro também fez uso da palavra: “Fico preocupado com a sua posição Tonhão, pois a maioria das famílias, mesmo antes da chegada da Kinross, já residiam naqueles bairros e suas vidas foram abaladas com as atividades da mineração. Nós deveríamos estar preocupados com isso e não podemos fugir de um diálogo mais próximo da comunidade. Muitos problemas que estão acontecendo a estas famílias podem até não estar sendo causados pela Kinross, mas uma grande parte dos problemas tem sido causado sim pela Mineração e você sabe disso.“ afirmou Mauro Mundim que ainda propôs um novo modelo para o Diálogo Aberto: “Proponho que a população fique em cima do palco e vocês fiquem na platéia.”
Ao final da primeira edição do Diálogo Aberto, ficou a sensação de que ainda há muita coisa para ser esclarecida, contudo foi um grande e importante primeiro passo dado pela empresa.
