Preciso dizer NÃO

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    Está terminando 2016. Fim de mais um ano e época em que alguns hábitos e pensamentos se repetem: “como passou rápido” ou “ finalmente está acabando”. Hora de fazer planos para o próximo ano que se aproxima, de se comprometer a agir de forma diferente, ter resoluções que “desta vez vão se cumprir”. É o tempo de refletir de forma mais profunda de como se pretende viver em 2017.
    Não sei se você já definiu a sua, mas a minha mais importante resolução para o próximo ano, melhor, para os próximos anos é dizer NÃO sempre que eu considerar necessário. Nestes tempos de redes sociais em que virou regra mostrar a felicidade diária, ter um milhão de amigos (mesmo que virtuais) e sempre parecer simpático e agradável ao outro, dizer NÃO na vida real é ainda mais complicado. Falar essa palavra de apenas três letras não é uma tarefa fácil, especialmente para nós, brasileiros, tão passionais e sentimentais. Pelo jeito lá vou eu nadando contra a maré.
    Morando fora do Brasil tenho contato com pessoas de várias partes do mundo e percebo que a vontade de pertencer a um determinado grupo ou ser agradável é uma meta para todos, independente se veio da Índia, Tailândia, México, da distante Tonga ou qualquer outra parte do globo. É do ser humano. E dizer NÃO pode ser considerada até uma arte. Os americanos, bem objetivos, dizem com muito mais facilidade. No primeiro instante pode parecer rude e me pareceu, mas depois deduzi que ser assim é ter a clareza do que se quer de verdade para a própria vida.
    Realmente parece mesmo egoísmo negar algo que não se quer. Quantas vezes sacrifiquei os meus sentimentos para não parecer egoísta. E, no fim, o resultado foi desastroso: por dias chateada com a decisão de optar pela negativa a mim mesma e não para o outro que a merecia. Mas, não é assim que a banda da vida toca. Estou neste aprendizado há algum tempo e ainda me causa uma certa estranheza dizer NÃO. Mas aos poucos tenho praticado. Com certos cuidados, tenho negado o que não aceito, o que vai contra o que eu sou.
  Dizer NÃO àquela companhia incômoda com seus comentários igualmente incômodos é uma meta. Claro, não é necessário ser rude ou “sincero ao extremo” mas é possível se desvencilhar dela e andar do outro lado da rua. E, caminhando, descobri que um outro jeito de dizer NÃO é o silêncio, um aliado importante nesses tempos de autoconhecimento. Negar as tentativas de pessoas que tentam, por várias razões, minar a minha autoestima (que, como a de todo ser humano, oscila). Talvez não porque sejam maldosas mas por não terem ânimo para viver a própria vida e preferem mergulhar numa bolha de pessimismo.
    Estou tentando não apenas dizer NÃO às pessoas, mas também àquilo que me faz mal como o açúcar, por exemplo. Ter direito a um docinho uma vez por dia e não duas, como de costume. Dizer NÃO à preguiça e ir à academia. Dizer NÃO aos pensamentos que criam limites à minha criatividade. Dizer NÃO às receitas prontas de alcançar a felicidade, afinal, cada pessoa tem o seu nível de consciência do que é a felicidade para si ou deveria ter. 
    Eu preciso dizer NÃO. É essencial respeitar quem cada um é e respeitar quem eu sou! E cada vez que me conheço, mais tenho a certeza de o quanto é importante considerar com gentileza a minha personalidade e somente assim o respeito do outro vem. Desta forma, certamente, serei mais feliz com as minhas escolhas e terei paz comigo mesma. É o preço da conquista da liberdade.
    Um dia um querido amigo me disse que todas as pessoas têm o direito de serem felizes. Sim, todos nós temos. Mas disse também que algumas pessoas mereciam o dobro desse direito e eu era uma delas. E eu acreditei no que ele disse. Sigo acreditando.

* Nágela Caldas é jornalista, natural de Paracatu (MG) e membro da Academia de Letras do Noroeste de Minas.  Criou a página facebook.com/vidainfoco com as suas impressões sobre a vida e o que vê de interessante nos Estados Unidos, onde mora. Gosta de escrever crônicas mas nem sempre de torná-las públicas.

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