Modernidade como lugar de diálogo entre Fé e Razão

whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button

* José Ivan Lopes

O homem, desde os seus mais remotos registros, equilibra-se sobre “duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade” (João Paulo II). Essas asas são a fé e a razão, que constituem grandes dimensões que conduzem a humanidade na direção da verdade. Mesmo que muitos pensem o contrário, a compreensão antropológica passa obrigatoriamente pela análise das dimensões peculiares ao humano e que proporcionam a construção da identidade humana, diferenciando-o até mesmo dos demais entes. “O desejo da verdade impele a razão a ir sempre mais além” (João Paulo II).

A vasta bibliografia referente ao tema prova que o diálogo entre a fé e a razão perpassa a modernidade e está vivo nos dias atuais. Muitas obras são apresentadas aos leitores, sob diversas abordagens. O “areópago” contemporâneo promove um profundo debate e sugere, através dele, como pauta do dia, assuntos extremamente significativos. Os novos tempos são, no entrando, um vasto campo de discussão, quando mantém vivo o espírito socrático, que insiste na necessidade de se conhecer a si mesmo, além de não deixar esquecida a tese agostiniana, de que a verdade está no interior do próprio homem. Ainda hoje, ouve-se a voz de Kant, com sua insistente recomendação: “Sapere aude” – tenha coragem de fazer uso da própria razão – e Heidegger, quando afirmou que “o homem é assumido na essência da verdade e ao seu serviço”.

A Carta Encíclica Fides et Ratio (Fé e Razão), como “prova de estima pela razão, demonstra-o no profundo mergulho na tradição filosófica ocidental […] expressa também uma atitude de abertura e coparticipação em relação à cultura contemporânea”, conforme afirmou o Padre Márcio Paiva, em artigo publicado no Jornal Pastoral, em março de 1999. Vê-se que há uma real necessidade moderna da compreensão da colaboração mútua do diálogo entre o crer e o saber. Essa correlação positiva não é possível e, acima de duto, necessária.

A Encíclica do Papa João Paulo II detecta ainda o fato de que que a histórica ruptura culminou em graves prejuízos tanto para a fé quanto para a razão: “A razão, privada do contributo da Revelação, percorreu sendas marginais com o risco de perder de vista a sua meta final. A fé, privada da razão, pôs em maior evidência o sentimento e a experiência, correndo o risco de deixar de ser uma proposta universal. É ilusório pensar que, tendo pela frente uma razão débil, a fé goze de maior incidência; pelo contrário, cai no grave perigo de ser reduzida a um mito ou superstição. Da mesma maneira, uma razão que não tenha pela frente uma fé adulta não é estimulada a fixar o olhar sobre a novidade e radicalidade do ser”. Neste sentido, a Carta Encíclica Fides et Ratio revela o grande valor da relação entre o desassombro da fé e a audácia da razão.

 

* Mestre em Ciência da Religião pela PUC Minas. Especialista em Pedagogia Empresarial pela FINOM. Licenciado em Filosofia pela PUC Minas. Atualmente é Diretor Acadêmico da FINOM.

XMCred Soluções Financeiras
whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button