Livro “A Nesga Goiana” resgata parte da história de Minas, de Quintino Vargas, de Paracatu e da Revolução de 1930

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Com a aguardada presença de importantes expressões do mundo político e literário do Estado, dentre elas o vice-governador Antônio Andrade, e o presidente da Academia Mineira de Letras, Olavo Romano, será lançado em Vazante, no próximo sábado, 05/09, o livro A Nesga Goiana, terceiro de autoria do escritor e advogado Marciano Borges, membro da Academia de Letras do Noroeste de Minas. Na publicação, o autor mistura realidade e ficção, e resgata, em detalhes, um episódio marcante na história: a marcha das tropas mineiras, partindo de Paracatu e sob o comando de Quintino Vargas, para a tomada de Goiás, durante a revolução de 1930.

          O autor mostra que, além dos condimentos nacionais amplamente conhecidos, quando, ao fim da “política do café com leite”, Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul não aceitaram as eleições que entenderam fraudadas e que elegeram Júlio Prestes presidente da República, deflagrando o movimento revolucionário que levaria Getúlio Vargas ao poder, existiu outro fator local e regional que ajudou a motivar a tropa mineira comandada por Quintino. Trata-se da zona litigiosa, nesga 400 quilômetros de comprimento por sessenta de largura do território mineiro, abrangendo parte do Triângulo e do município de Paracatu, área ocupada por Goiás.

          O fisco goiano, devidamente respaldado pela polícia militar do vizinho Estado, saltou as fronteiras naturais, constituídas pelo Rio São Marcos, e passou a praticar arbitrariedades e cobrança de impostos incidentes sobre grandes boiadas que eram transportadas no território do então imenso município de Paracatu. Tratava a operação como se fosse uma transação entre estados, que deveria, portanto, ser tributada. O caos político e social foi instalado em 1838, gerou tensão e  apaixonada polêmica por décadas e só foi desatado em 1943, no final do primeiro governo Vargas. Mas, antes de resolvido,     ateou fogo, motivou as lideranças e levou a temperatura às grimpas na área litigiosa, sobretudo no período revolucionário.

          Nomeado pelo presidente de Minas (ainda não existia o cargo de governador de estado), Olegário Maciel, Quintino Vargas recebeu armamento, transporte, apoio logístico, patente de coronel, autorização para arregimentar soldados e ordens para marchar sobre Goiás, a fim de destronar a oligarquia Caiado, fiel ao governo federal sediado no Rio de Janeiro, contra o qual se opunham os revolucionários de 1930. Assim o fez já a partir de Belo Horizonte, e, chegando a Paracatu, suas tropas cresceram ainda mais, embora não tanto quanto ele esperava. Marcharam em direção à capital goiana, passando por várias cidades e conquistando adeptos, até que o combatido governo caiadista capitulou.

           Batalha vencida, Quintino recebeu do presidente Olegário Maciel o convite para governar Goiás como interventor, o que era considerado “direito natural” devido a um revolucionário vitorioso. Rechaçou a oferta por entender que “Goiás deve ser governada pelos goianos”, retornando a Paracatu, onde foi prefeito e, depois, deputado estadual.   Quintino Vargas era natural de Cordisburgo, terra do escritor Guimarães Rosa, de onde foi para Pirapora e, depois, para Paracatu. Foi um homem de visão além do seu tempo que, dentre outros feitos, criou a navegação no Rio Paracatu, um dos esteios da interiorização do desenvolvimento brasileiro. Ao resgatar parte da história brasileira, o escritor Marciano Borges resgata também parte da de Paracatu que, à época, ainda era considerada, no dizer de Carlos Campos, “a eterna prisioneira das distâncias silenciosas”.      

 

Por: Florival Ferreira

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