O prefeito de Paracatu, Olavo Condé, do PSDB, está rindo à toa. Tecnicamente ainda pré-candidato à reeleição, mas, politicamente, já candidatíssimo, ele presencia dois fatores simultâneos fazendo chover na sua horta: o crescimento do desempenho da sua administração e o desarranjo reinante entre os principais partidos adversários.
Como política não significa apenas fazer, mas também olhar o que o concorrente está fazendo, Olavo volta as vistas para o PMDB. Ali, o nome eleitoralmente mais forte é o do ex-prefeito Vasco Praça Filho. Mas há um grupo, ligado por laços sanguíneos e políticos ao vive-governador Antônio Andrade, que não quer nem ouvir falar no seu nome. Os peemedebistas flertam com um substituto de peso eleitoral, o médico Bebeto Rabelo, menina dos olhos também do PT, partido aliado ao PMDB. Mas ainda não há consenso. E exército dividido é exército enfraquecido, ou, “o que divide, não soma”.
O grande problema é que existem outros nomes com potencial político na agremiação. Mas, segundo um dos seus mais graduados membros, quando se fala em meter a mão no bolso para começar a fazer o caixa da campanha, é o mesmo que jogar sal na cacunda de sapo e mostrar a cruz pro capeta! No caso de Bebeto Rabelo, há, ainda, um obstáculo a vencer: nas últimas eleições municipais, ele foi paparicado, recebeu tapinha nas costas e juras de fidelidade eterna dos companheiros do PTB. Na hora de pagar as contas da campanha, os “companheiros” escafederam-se todos. Como “cachorro mordido por cobra tem medo até de linguiça”, o médico e a família estão com um pé atrás e as barbas de molho. E Olavo ri…
O PT, que nasceu pequeno, mas cresceu e ficou forte no município, agora não tem nome com viabilidade eleitoral. Como diria o sucesso sertanejo da dupla Zé Mulato e Cassiano O homem e a espingarda, “Quem deu tiro e matou onça, já nem assusta cotia”. No máximo, pleiteará a garupa, nunca a sela, atacando de vice numa chapa. Seu último grande nome foi o do ex-deputado Almir Paraca, que o partido tirou da Assembleia Legislativa para ser prefeito uma vez, voltou para BH só com grande dificuldade e, quando o PT resolveu queimá-lo de vez obrigando o ex-prefeito repetir a dose, sofreu uma derrota humilhante. Agora, nem tico e nem taco. Aliado ao PMDB na composição dos governos estadual e federal, o PT, apesar de notáveis avanços sociais que a agremiação não tem sabido explorar politicamente, enfrenta uma crise de descrédito com os sucessivos escândalos de corrupção. Olavo ri de novo…
No PTB, o nome mais forte é o do ex-prefeito Arquimedes Borges, que foi candidato a deputado federal nas últimas eleições parlamentares e obteve mais de 20 mil votos só na cidade. Mas Borges, segundo assessores próximos, não quer disputar o cargo de prefeito, que já exerceu por duas vezes. Espera que as reformas políticas criem o voto distrital, caso em que o Noroeste de Minas viria a constituir um distrito. Como ele foi o candidato a deputado federal mais votado da região, aí teria amplas chances de vir ser deputado, antigo projeto seu. Além disso, Arquimedes sofreu grande desgaste para conseguir que a Câmara de Paracatu aprovasse contas do seu governo de mais de dez anos atrás. E o processo criminal em que ele é acusado de mandante do assassinato de Eustáquio Porto Botelho, ocorrido 19 anos antes, misteriosamente voltou à tona quando ele retornou ao cenário político. O somatório de tudo isso vem aborrecendo o ex-prefeito e, em tese, arrefecendo os seus ânimos.
Esses fatores de ordem política e a crise econômica que deverá afetar mais futuras candidaturas adversárias, em tese, no momento, beneficiam a recondução do atual prefeito. É por isso que ele anda rindo à toa.
Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira
