Há um crescente aumento no abandono da religião pela sociedade contemporânea. Isso fica evidente nos últimos recenseamentos, quando grande número de brasileiros se dizem ateus ou agnósticos. Há, também, um crescente grupo de desigrejados, de maneira a se confundirem, ou se fundirem, aos grupos anteriores. Paradoxalmente, há uma busca pelo sagrado ou pelo misticismo, porém desprendido de dogmas ou regras morais.
A tese de que o homem moderno se preocupa somente com bens materiais é bem plausível neste caso, uma vez que notadamente mesmo muitos que recorrem ao sagrado, o fazem no sentido de verem resolvidos, senão todos, pelo menos alguns dos seus problemas, sobretudo, aqueles ligados à matéria: as crises financeiras e, também, as questões ligadas à saúde. Essas pessoas relacionam-se com Deus, ou com o sagrado, como se este fosse uma muleta, e cuja única razão de existir é exatamente servir ao homem.
A tecnologia, que cresceu de maneira estrondosa nas duas últimas décadas, é também um fator a ser considerado no tocante ao abandono da religião pelo homem moderno. Informações rápidas, redes sociais cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas… tudo isso fez aparecer um novo fenômeno que assusta e entontece: a tecnolatria. Estar fora do mundo da tecnologia é estar à parte do próprio mundo. Isto posto, mais e mais as pessoas cultuam a si próprias, esquecendo-se que há Deus, e mais, que este Deus revelou-se através das Sagradas Escrituras de modo que, qualquer manifestação do sagrado fora do universo escriturístico, há que ser posto à prova.
Mas este, muito embora apareça como um problema do mundo contemporâneo, não nos é completamente estranho. Paulo já se preocupava com esta questão depois de ouvir da boca de Epafras, os perigos pelos quais passava a igreja que estava em Colossos. Advertindo aqueles crentes quanto a estas questões, vaticinou o Apóstolo dos Gentios: “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Cl 3.2,3).
