SENHOR, como tem crescido o número dos meus adversários!
São numerosos os que se levantam contra mim.
(Sl 3.1)
Manter um bom relacionamento com todos que nos cercam não é tarefa das mais fáceis. Por mais esforços que fizermos haverá, aqui e acolá, uma invejazinha que sempre poderá azedar a relação, criando contendas, inimizades ou discórdias dentro do círculo mais íntimo com o qual nos relacionamos.
Por mais pobre que a pessoa seja, haverá sempre alguém para invejá-la, para querer estar em seu lugar, invejar-lhe a paz, a saúde, enfim. Dito de modo mais direto, ninguém está imune à inveja e, consequentemente, a ter inimigos ou adversários. Também não há como agradar a todos, ter um milhão de amigos sem criar, ainda que inconscientemente, outros tantos que nos odeiam e que querem ver a nossa ruína.
A história nos mostra que o ser humano é mal por natureza — ainda que o humanismo de J.J. Rousseau o tenha negado veementemente, ao defender a tese do "bon sauvage" —, violento desde a origem (Gn 4.8-16), portador de inveja crônica (leia-se desejo mimético) que, embora não seja um mal em si, pode transforma-se quando usada de maneira perversa.
Porque, por mais dura que pareça esta verdade, no mais profundo do nosso coração nos sentimos mais felizes com a derrota do próximo do que com a sua vitória. Basta alguém enriquecer para colocarmos sobre ele o nosso "olho gordo", lançarmos dúvidas sobre a origem da sua riqueza, nos transformarmos numa espécie de "inimigo velado", ainda que sorrindo sempre que o encontramos.
Assim, como já fora dito, por melhor que seja alguém, sempre haverá, em menor ou maior proporção, adversários em torno de si, inimigos à sua espreita tentando, a todo custo, tirar-lhe o que é seu, roubar-lhe o sossego ou, até mesmo, destruir-lhe por completo.
