"O inexperiente acredita em tudo que lhe dizem,mas o prudente escolhe e pondera cada palavra."(Pv 14.15) Vivemos numa época em que a fronteira entre a verdade e a mentira se tornou tão tênue, que nem sempre temos discernimento suficiente para separar o joio do trigo. Homens e mulheres mentem tão descaradamente no rádio, na TV e na internet que, pelo discurso, não é possível saber quem de fato fala a verdade. É a época do pensamento único, quando todos os paradigmas e todas as ideologias desceram pelo ralo, direita e esquerda viraram coisas do passado e os conceitos de moral e amoralidade se fundiram num só.
O livro de Provérbios, cuja autoria é atribuída ao rei Salomão, homem sábio e igualmente rico, é um manancial permanente de pequenas dicas para quem quer levar uma vida pautada pela prudência e apego à sabedoria. Aliás, se todos os livros fossem queimados e nos restasse tão-somente as Sagradas Escrituras, ainda assim salvaríamos a cultura, a ética, a moralidade e todo o ethos terreal.
Isto posto, no atual contexto, nunca será demais ponderar cada palavra, cada promessa ouvida, para não cairmos na tentação de nos encantar com palavras bonitas, mas que não nos levarão a lugar algum. Um pouco de ceticismo e incredulidade não fazem mal a ninguém, de maneira que é sempre bom ficar com um pé atrás diante de ideias mirabolantes e sedutoras, venham de quem vierem.
Já não somos mais crianças, temos maturidade suficiente para ver o mundo e tirar as nossas próprias conclusões. Acha que não consegue atingir essa excelência sozinho? Então ore, que se sua oração for sincera, o Pai lhe escutará.
Para finalizar esta reflexão, fica esta frase de Guimarães Rosa, que anda meio esquecida do nosso cotidiano, mas que vem a calhar: "Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa".
