Comunidade Quilombola de Machadinho denuncia impactos da mineração em Paracatu sobre seus territórios

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Quilombolas relatam expulsão de famílias, destruição de casas e abandono do poder público diante da atuação da mineradora Kinross

Lideranças da Comunidade Remanescente de Quilombo Machadinho, em Paracatu (MG), estiveram nesta sexta-feira (06) na sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília, para denunciar os impactos da mineração sobre o território. O grupo pediu apoio institucional para enfrentar a situação.

Segundo os relatos, a exploração de ouro e a barragem de rejeitos da mineradora Kinross atingem diretamente a comunidade. Famílias foram obrigadas a deixar suas casas e roças, mas mesmo em nova área continuam expostas aos efeitos da atividade. Moradores relatam explosões diárias que provocam rachaduras nas residências, risco de desabamento e acúmulo de poeira.

As lideranças afirmam que não houve qualquer reparação por parte da empresa e que o poder público se mantém ausente. “Fomos expulsos do território, perdemos nossas casas e nossa cultura. Essa empresa explora milhões em ouro e nunca fomos indenizados. A cada dia, com a expansão da barragem, sofremos novos impactos sem qualquer resposta”, disse uma das representantes.

A comunidade já possui certificação da Fundação Cultural Palmares e Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do Incra, mas ainda não recebeu a titulação de suas terras. Os representantes informaram que ingressaram na Justiça em busca de reparação.

A diretora do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro (DPA), Fernanda Thomaz, destacou a gravidade da situação. “Recebemos um grupo de advogados acompanhado de uma liderança do Quilombo Machadinho. Eles vieram pedir socorro, e esse foi o termo utilizado, diante da situação que a comunidade enfrenta”, afirmou.

Segundo Fernanda, a comunidade vive hoje em condições de vida e saúde extremamente precárias, consequência direta da exploração de ouro por uma mineradora canadense. “Boa parte das famílias já não está mais no território, e a comunidade convive com medo, sem respaldo ou proteção dos poderes locais. Por isso, buscou a Fundação Cultural Palmares para dar visibilidade à sua realidade e buscar apoios”, disse.

Ela ressaltou que a Fundação irá agir de forma articulada com outros órgãos do governo. “Nosso compromisso é organizar uma visita técnica, não apenas da Fundação, mas em conjunto com outras instâncias federais, para ouvir a comunidade, conhecer o território e buscar caminhos reparatórios que assegurem melhores condições de vida”, destacou.

Por fim, a diretora reforçou o papel da escuta no processo. “A Palmares entende que é seu dever escutar, construir junto e pensar em políticas públicas participativas, que correspondam ao que a comunidade deseja e que façam diferença concreta na vida dessas pessoas”, concluiu.

O DPA informou que a visita técnica está prevista para ocorrer ainda em setembro, em articulação com outros órgãos do governo federal.

Fonte: GOV

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