Trabalho de restauração do acervo teve apoio da comunidade paracatuense e financiamento via plataforma do MPMG
Quem percorre a BR-040 entre Belo Horizonte e Brasília tem, em Paracatu, uma parada obrigatória. Principal cidade localizada entre a capital mineira e o Distrito Federal, o município da região noroeste de Minas Gerais, com cerca de 94 mil habitantes, respira história com seus 226 anos desde a fundação. E, desde o último dia 6 de novembro, sua trajetória está novamente contada no Museu Histórico Municipal de Paracatu, que foi reinaugurado depois de sete meses de trabalhos para restaurar e requalificar seu acervo.
A restauração do museu foi realizada pela Associação dos Amigos da Cultura de Paracatu (AACP), em parceria com a Prefeitura de Paracatu, da Fundação Municipal Casa de Cultura e do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), por meio do projeto Semente, na segunda fase do Programa Minas Para Sempre. Com um investimento de R$ 647.413,17, o trabalho buscou transformar o museu em um espaço mais moderno, acessível e representativo da história local.
O evento de reinauguração, realizado na quarta-feira, 6 de novembro, contou com a presença de autoridades e grande participação da população da cidade. Foi a chance de ver a nova expografia, completamente repensada em relação ao acervo anterior do museu. A exposição permanente pode ser acompanhada de maneira dinâmica, com interatividade em novos recursos audiovisuais. O próprio acervo apresenta peças que contam a história de Paracatu de uma nova maneira, valorizando a trajetória dos quilombolas e dos povos originários que tanto colaboraram para transformar a cidade no que ela é hoje.
A promotora de Justiça Mariana Duarte Leão destaca a importância do trabalho feito para ressignificar o Museu Histórico de Paracatu. “Foi um projeto que todo mundo da cidade abraçou, ajudando a tirar mofo, a arejar as peças, e a população participou bastante. Como exemplo, na cama que está em exposição, uma senhora elaborou todo o cortinado da cama colonial, que tinha se perdido. Ela fez questão de fazer um, lembrando como era na época, manualmente, e doou a peça. Algumas pessoas doaram peças como bateia de garimpo”, explica.
Diego Almeida Lopes, museólogo responsável pela restauração e exposição do novo acervo, ressalta a participação da população em todo o projeto. “É um sentimento de gratidão, principalmente por toda comunidade. É um trabalho feito a muitas mãos, que não foi fácil, mas agora é só felicidade. Antes, só existia uma imensa quantidade de objetos, sem legendas, sem um cuidado histórico. Não existia uma relação com a história e os objetos em si. O primeiro passo foi estudar o potencial da instituição e a história de Paracatu e, depois, reorganizar o acervo, para apresentar à população e esperar o feedback”, diz.
O museólogo também elogia o trabalho da AACP, proponente do projeto junto à plataforma Semente e ao MPMG. “A Associação é muito presente: abraçou a gestão na procura de parceiros, e o Ministério Público foi essencial nessa parceria. O Semente foi excelente e nos auxiliou em todo o momento. De fato, a plataforma é uma revolução no desenvolvimento ambiental e sóciocultural”, completa Diego.
A parceria com o MPMG também foi ressaltada por Igor Araújo Diniz, secretário de Cultura de Paracatu. “Conversamos com a Dra. Mariana para que pudéssemos submeter o projeto à plataforma Semente. Quando existe a participação da sociedade civil, facilita muito o trabalho da gestão pública na administração dos recursos e dá agilidade para aplicar tudo. Ficamos muito felizes e pudemos entregar essa obra maravilhosa, que agora sai de uma questão memorialista para se tornar um museu mais qualificado”, complementa Diniz.
Fotos Francisco Luz/Semente