A opção dos grandes plantadores de soja e milho por pivôs centrais levou a um ganho de produtividade no Cerrado, mas representou a morte de nascentes e cursos d’água altamente explorados. No caso do plantio de soja, a irrigação permite duas colheitas por ano. Vistas do alto, essas plantações aparecem, em imagens de satélites, divididas em grandes círculos — cada círculo é um pivô central, com áreas variando entre 20 e 150 hectares. A consequência direta é a paulatina perda de água, que gera conflitos entre os produtores e a necessidade de racionamento. Ao todo, 6,7 mil pivôs centrais estão instalados no Cerrado, segundo os últimos levantamentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O Cariru desemboca no Rio Jardim, importante curso d’água da Bacia do Rio Preto, no Distrito Federal. Os rios estão mais estreitos, sofrem um processo de seca e diminuição da vazão. Incontáveis nascentes secaram nas fazendas. Falta água para os produtores, que precisam se revezar e racionar o uso em tempos de chuvas escassas..
A Bacia do Rio Preto, uma das mais importantes do Distrito Federal, perde sistematicamente capacidade hídrica por causa da irrigação intensiva. Estudos realizados há mais de 15 anos já apontavam o limite dos mananciais, obrigando o gerenciamento e o racionamento do uso da água.
Atualmente, a região oeste da bacia do Paracatu apresenta índices de desenvolvimento e densidade demográfica mais elevados que a região leste (o que acaba por acarretar maior pressão sobre os recursos hídricos), sendo esses índices decorrentes do fato de a região oeste apresentar condições climáticas e de fertilidade do solo e, consequentemente, maior ocupação da área pela agricultura irrigada. A metade oriental da bacia é caracterizada por uma ocupação menos intensiva, por um índice de desenvolvimento menor e por uma menor pressão sobre o uso dos recursos hídricos, uma vez que os solos são mais pobres. As sub-bacias de maior conflito na bacia do Paracatu são as dos rios Preto, São Pedro e ribeirão Entre-ribeiros.
