Kinross vai produzir 18 toneladas de ouro por ano em Paracatu

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Com uma produção equivalente a 22% de todo o ouro que é produzido no Brasil, a Kinross gera quase 6.000 empregos em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais.

Gilberto Azevedo, presidente da Kinross no Brasil, esteve no estúdio da coluna Minas S/A, da jornalista Helenice Laguardia, e contou que a produção prevista para este ano é de 570 mil onças, o equivalente a 18 toneladas de ouro na mina em Paracatu.

Qual é a formação da Kinross, que pertence à Kinross Gold Corporation?
O Grupo Kinross foi fundado em 1993 e, a partir daí, cresceu por fusões e aquisições de outras empresas. O grupo tem sede em Toronto, no Canadá. Tem ações negociadas na Bolsa de Nova York e de Toronto. Opera nove minas em sete diferentes países, inclusive o Brasil. No nosso caso, produzimos cerca de 16 a 18 toneladas de ouro por ano e somos uma das mais importantes minas do grupo.

A Kinross está em Paracatu. Além da localização, da logística, da formação da mão de obra, a vocação de mineração, também levaram-se em conta para a empresa se instalar em Paracatu os ativos minerários da região?

Sim, o potencial para ser uma mina de vida longa e de alta produção. Quando a gente fala de produção de ouro, ser capaz de sustentar uma produção acima de 16 toneladas durante muitos anos, durante mais de dez anos, é algo muito importante.

Investimentos na mineração de ouro são altos?
Isso é verdade. No caso de Paracatu, caso não fosse feito o investimento para expansão das operações lá, muito provavelmente a mina teria se exaurido em 2014. Com os investimentos, essa vida foi alongada para além de 2030, e ainda existem muitos trabalhos de exploração e de desenvolvimento tecnológico para a gente ampliar a vida útil da mina para além disso. A expansão foi um investimento de mais de US$ 1 bilhão para a gente chegar a esse estágio.

Para o grupo, a importância de Minas é estratégica?
Eu diria que tem dois aspectos que são muito importantes para dar esse significado da operação em Paracatu para o grupo: o primeiro deles é o volume, são cerca de um quarto da produção do grupo; e o segundo aspecto, que é igualmente importante, é a longevidade da operação – o fato de ser capaz de sustentar esse nível de produção durante muito tempo.

A Kinross começou no Brasil em 2004. Qual foi a evolução da produção e desses estudos geológicos?
Antes da expansão, a produção era da ordem 170 mil onças; hoje, é de 550 mil onças. Então, teve um aumento muito grande. E ao longo dos últimos anos nós vimos investindo muito em melhoria contínua buscando maior eficiência dos nossos processos. Logo após a expansão nós estávamos operando num nível de 490 mil, 500 mil onças e atualmente estamos operando 550 mil onças e acima. Neste ano, a nossa expectativa é de produzirmos cerca de 18 toneladas, 570 mil onças, ou seja, um número maior do que o ano passado, e isso através de eficiência, de ganho de eficiência na nossa operação.

Como foi o plano plurianual de investimentos na Kinross em Paracatu, ao longo da história?
Acima de US$ 2 bilhões, acredito que tenha sido. E o nosso investimento anual é de cerca de US$ 120 milhões, o que dá em torno de R$ 600 milhões ao câmbio de hoje.

São sempre investimentos desse porte para que não somente haja essa expansão, mas também melhoramento?
É necessário manter esse nível de investimento para ter a sustentabilidade do nosso negócio e os ganhos que a gente precisa ter em termos de melhoria contínua e eficiência.

Além desse investimento anual necessário de cerca de R$ 600 milhões por ano, tem um plano plurianual previsto para os próximos anos?
Nesse momento, a nossa intenção é manter esse nível de investimento, manter a sustentação desse nível de produção e buscar ganhos de produtividade, de maior eficiência no nosso processo. Então, a nossa expectativa no primeiro momento é manter o nível de investimento.

Esse nível de investimento leva ao aumento de produção nesse ano de 550 mil para 570 mil onças. Isso vai ser possível só com os ganhos de produtividade ou vai ter que haver uma mineração maior de ouro na mina em Paracatu?
Eu acredito que os ganhos de produtividade, de eficiência, serão suficientes. É importante lembrar que 16 toneladas de ouro já representam um nível bastante elevado para mineração de ouro.

A mineração de ouro tem dois jeitos: a mina subterrânea e a mina a céu aberto. Esse é o caso da Kinross?
Nossa operação em Paracatu usa o método de lavra a céu aberto diferente de outras minerações que têm o método subterrâneo.

Por que se escolheu essa mineração da mina céu aberto para a Kinross?
É o método do ponto de vista técnico e econômico mais adequado. Normalmente ocorre uma transição de métodos de lavra a céu aberto para lavra subterrânea à medida em que aprofunda a lavra. No nosso caso a gente ainda não tem definida a migração para lavra subterrânea. Nosso plano é continuar trabalhando a céu aberto, e o nosso corpo mineral permite isso. Mas em alguns casos existe essa transição.

A empresa tem estudos geológicos para ver qual é a vida útil da mina. Vocês estão encontrando bons números, uma situação favorável para justificar até mesmo novos investimentos futuros?
O trabalho de expansão geológica na região é bem recente, então a gente não tem nenhuma novidade nesse momento. A gente continua trabalhando, e a exploração geológica leva algum tempo, mas a gente está buscando, sim, encontrar mais recursos e alongar ainda mais a vida útil da nossa mina.

Esse aumento da produção na mina em Paracatu para 2022 se deve a quais motivos?Tem uma demanda maior do mercado ou é um plano de crescimento da empresa, de manter essa expansão aqui no Brasil?
No caso do ouro, tudo que é produzido rapidamente é colocado no mercado. Então, o aumento de produção que a gente está obtendo é muito fruto desse ganho de produtividade, e a nossa intenção é manter a nossa operação e a nossa produção nesse patamar, que é elevado, é uma operação de classe mundial na sua qualidade, na sua produtividade, e a gente vai buscar o tempo todo manter esse nível de produção e buscar os ganhos de produtividade e de eficiência.

Como o ouro sai de Paracatu? Qual é o tamanho dele? Quais são as etapas dele? Tem a mina e a planta industrial, como é feito isso? É de acordo com cada cliente? É uma barra customizada? Como se faz essa interpretação do mercado?
São barras que contém ouro e prata, e essas barras são exportadas, são enviadas principalmente para a Europa e a América do Norte.

Por que tem a prata nela? Tem alguma explicação?
A prata ocorre na natureza; em muitas vezes, associada ao ouro, ou o ouro associado à prata, e, no processo de produção do ouro, de concentração do ouro e da formação da barra, a prata vai junto, a prata também é um metal precioso.

E aí a empresa faz a divisão que ela quiser?
Exatamente, depois vai ter uma outra etapa de refino, onde se vai purificar o ouro, separar a prata, e aí são dadas destinações distintas para os dois metais.

São clientes mais antigos? Que tipos de contratos que são?
No nosso caso específico, são contratos de longo prazo; o preço de referência é o preço de mercado do dia e, sim, são contratos de longo prazo. Quando a gente entrega o ouro, ele é valorizado pela cotação do dia.

São muitos clientes? A base é variável. Tem novos entrantes?
Não. São clientes mais fixos. A nossa base de clientes é mais fixa, e depois eles vão fazer outras comercializações do ouro vendido.

Em relação à região de Paracatu, são quase 6.000 empregos gerados. É um volume que muda toda uma região, não é?
Exatamente. Temos cerca de 1.700 empregados diretos, que trabalham para a Kinross, além das empresas contratadas. E, com isso ao longo do ano, a gente chega próximo das 6.000 pessoas que trabalham conosco. Somos responsáveis por cerca de 22% dos empregos formais na cidade. Então a gente dá uma importante contribuição econômica para a cidade de Paracatu.

E é uma mão de obra que entra para a Kinross e fica, não é? Essa retenção é alta?
Em todos os níveis dentro da empresa, a gente tem essa permanência das pessoas que trabalham conosco. É um fato importante por ser uma atividade de longo prazo, e essa estabilidade para as pessoas que trabalham para a gente ajuda também no planejamento da vida delas, pelo menos no que diz respeito ao aspecto econômico.

No seu caso, você já está há bastante tempo lá, não é?
Estou há 12 anos. Eu sou nascido na Bahia (Poções) e vim para Minas Gerais dada a fama da escola de Ouro Preto. Minas Gerais tem essas duas grandes escolas: a UFMG e a Federal de Ouro Preto. Eu tive a oportunidade de estudar em Ouro Preto. Trabalhei, depois disso, na área de mineração. Estou aqui há bastante tempo já, em Minas Gerais, e me sinto acolhido e mineiro por adoção.

A Kinross é uma operação que também recolhe muitos impostos, não somente para o Estado de Minas Gerais, mas também para o governo federal, o município. É um cipoal de impostos. Como é no caso da Kinross?
A contribuição da empresa em termos de impostos e taxas, nos últimos dois anos, foi da ordem de próximo a R$ 1 bilhão por ano.

Isso em todos os impostos, incluindo Cfem?
Sim, nos três níveis: federal, estadual e municipal. Quando você soma tudo, dá essa ordem de grandeza na empresa.

Qual é a representatividade no resultado da empresa no dia a dia dela?
Acho que isso soma esse entendimento de a gente estar desempenhando um papel social de estar somando com a sociedade e com a comunidade. Eu acho que a gente, através do pagamento de impostos e também dos investimentos sociais que nós fazemos, nós enxergamos que estamos cumprindo esse papel.

Paracatu é muito mais do que ouro, não é? A Kinross é uma das indústrias mais importantes da região, mas sobre a cidade de Paracatu, como ela é vasta na produção econômica não é?
Paracatu é uma cidade maravilhosa, apaixonante e tem toda a sua história, tem seus casarios antigos também. O centro histórico da cidade lembra um pouco Ouro Preto, Mariana, São João del-Rei. É um povo extremamente acolhedor, tem uma economia que já é relativamente diversificada, tem uma agricultura fortíssima que cresce muito, pessoal, que investe muito, tem uma cooperativa de produção de leite que é muito forte, a Coopervap. Tem uma área de educação que é de destaque com muito boas faculdades. Tem um setor cultural que está crescendo, tem um grande potencial. Então, Paracatu é uma cidade que vale a pena conhecer, vale a pena investir. É uma cidade apaixonante.

Fonte : O Tempo

*Permitido compartilhamento e ou cópia desde preservada a fonte (LEI Nº 9.610/98)
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