Expresso da Meia Noite, O – Ed Guimarães

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Adolescente, morando em uma cidade com menos habitantes que Paracatu, vizinha da Atenas Mineira, cujo nome homenageia um presidente, muito embora não fora do Brasil e sim de Minas Gerais. Isso mesmo. A cidade na qual passei minha infância foi João Pinheiro. O personagem em questão se chamava João Pinheiro da Silva, presidente de Minas Gerais por duas vezes no fim dos séculos XIX e XX. Mas pra quê futricar a história se não é disso que quero falar. Na história da cidade não encontro razões, mas na minha, naquele lugar, recupero meu norte. É que ali, nos anos 80, existiam dois cinemas com freqüência invejável. Coisa fora do padrão regional. E neles eu via tudo o que era exibido. Bom ou ruim lá estava o garoto passando pela roleta da entrada e vendo o porteiro rasgar o ingresso e depositar as duas partes em uma caixa de madeira. Outras vezes usufruía do benefício de ter uma carteirinha chamada de permanente, garantida por meu pai cujos contatos com os proprietários da sala de exibição nos permitia – eu, ele, meus irmãos e minha mãe – entrarmos de graça. Foi em um deles que me sentei um dia para assistir um filme que nem me dei ao trabalho de ver o cartaz.
Era “Midnight Express” ou “O Expresso da Meia Noite”. A trajetória de um rapaz norte-americano que fora preso em um aeroporto da Turquia tentando levar consigo drogas junto ao corpo. A saga que se segue me impressionou. Aquele garoto viu torturas, crueldades e sentimentos expostos que se apresentavam em meio a uma sequência de acontecimentos que levaram o protagonista a quase loucura. E tudo aquilo, fora avisado no início da fita, se baseava em uma história verídica.
Fiquei com as lembranças na mente. Mais tarde, em 1985, residindo em Brasília, vi o livro que inspirou a adaptação cinematográfica na estante de um sebo. Peguei, e nas indas e vindas do demorado trajeto de ônibus entre a Asa Norte e o Núcleo Bandeirante, recém chegado a capital federal, lia compulsivamente a obra. Fiquei surpreso ao chegar no meio do livro e ver que a história do cinema já tinha sido contada inteira. E me restava meio livro de coisas inéditas. A saída da prisão até o retorno ao lar não me fora contada na adolescência cinematográfica. Detalhes, coisas que a luz do projetor, por mais que tenha sido eficiente, não conseguiu me mostrar.
Foi a primeira vez que senti a expressão, antes de ouvi-la. O filme foi ótimo mas preferi o livro. Fica a dica. Desta vez em dose dupla. Veja e leia. Vale a pena.

Ed Guimarães
XMCred Soluções Financeiras
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