Mineração, Arsênio… Com quem está a verdade?

whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button

A questão da mineração em Paracatu, com seus impactos ambientais, sempre foi polêmica. A de ouro, estamos entendidos! As demais, como a subterrânea exploração de chumbo e zinco, as agressões para obtenção de calcário, bem como o envenenamento causado pelos agrotóxicos nas lavouras – isso tudo é como se nem existisse. Quanto à extração do ouro, nunca houve isenção clara e confiabilidade indiscutível por parte de um lado ou do outro. Condenou-se ou absolveu-se, sem argumentos convincentes ou comportamento insuspeito de qualquer das partes. Agora, há uma incisiva e racional cobrança de esclarecimentos, dirigida às autoridades constituídas.

Em editorial de primeira página, o jornalista José Edmar Gomes, do jornal “O Movimento”, fala das novas acusações de contaminação ambiental pelo arsênio liberado durante a mineração aurífera, realizada pela Kinross/RPM. O denunciante, de novo, é o médico e cientista Sérgio Ulhoa Dani, de ascendência paracatuense.

Na Câmara, segunda-feira 31/07, o presidente da Central das Associações de Bairros, Mauro Mundim, em discurso aos vereadores e à sociedade, exigiu das autoridades uma manifestação pública: o denunciado envenenamento por arsênio, afinal, é verdadeiro ou não? A incerteza que existe em na cidade decorre, principalmente, de um motivo: a Kinross, que explora ouro na periferia, ganha dinheiro grosso com isso. É, assim, suspeita quando diz que suas atividades não são nocivas à saúde; Sérgio Ulhoa afirma o contrário e vem conquistando adesões. Mas pequenos detalhes fazem com que parte da comunidade veja com reservas as suas ações.

O problema principal é que Dani preside uma fundação, a Acangaú, que recebeu cerca de 600 mil reais de imposto pago pela Kinross/RPM a título de compensação ambiental. Não abriu a boca para falar da mineração enquanto recebia dinheiro, apesar de a exploração industrial já estar acontecendo na cidade há 20 anos. Quando a sua Fundação parou de receber mais grana originária da compensação paga mineração, aí ele começou a sua cruzada.

Um ex-promotor de Justiça que atuava no Estado de Goiás, filho do poeta Serrano Neves, ídolo e também ex-promotor na Comarca local, veio engrossar a cruzada. Outros empunharam a mesma bandeira. E sociedade, mineiramente, passou a questionar: se o mal é tão grande e tão evidente quanto se fala, por que nada se falou durante 20 anos? Por que todos os órgãos e autoridades não fizeram nada? Teria a mineradora comprado todo mundo, de todos os órgãos e autoridades do Poder Executivo ligados à área ao Poder Judiciário, ou as acusações seriam fantasiosas?

Agora, depois de tanta celeuma, a sociedade está confusa. E com razão. A mineradora proporciona emprego, renda e indiscutíveis benefícios a Paracatu. Mas pode estar apenas defendendo seus interesses capitalistas – e no capitalismo o que mais importa é o lucro – quando afirma não serem tão nocivas à saúde humana as suas atividades. É suspeita, portanto. Por outro lado, seus opositores adotaram silêncio: só levantaram a voz 20 anos depois, e num momento época em que a mineradora investia, só para começar, 500 milhões de dólares em projeto de expansão. Cobiça?

Daí, face à inexistência de partes acima de qualquer suspeita, a Central das Associações de bairro cobra: que os poderes constituídos façam o que for necessário e esclareçam com quem está a verdade! E o editorial do jornal O Movimento, também sensível à celeuma, indaga: “Quem é Sergio Dani? Um cidadão acima de qualquer suspeita? Um cientista louco?” E, face à inquietação popular, sugere: “ou mandamos parar a mineração, nas bases em que ela é praticada hoje, baseados em crimes ambientais e envenenamento de seres humanos, ou provemos que nada disso é verdade e mandemos prender ou confinar o médico e cientista Sérgio Ulhoa Dani por terrorismo ambiental e perturbação da ordem”.

XMCred Soluções Financeiras
whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button