O pecado da Avareza

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A busca desenfreada por dinheiro e poder é, nos parece, intrínseca à condição humana. Mas, nunca é demais lembrar, ainda que o dinheiro seja essencial à nossa sobrevivência – pelo menos é isso que ingenuamente imaginamos –, enganam-se aqueles que a ele se entregam obstinadamente, colocando no vil metal sua confiança.

Os Evangelhos, sobretudo os Evangelhos, estão repletos de passagens que nos advertem quanto às armadilhas a que um espírito avarento está sujeito. Todo o capítulo sexto do Evangelho de Mateus trata praticamente desta questão. Jesus, melhor do que ninguém, conhecia o coração humano. Sabia do que somos capazes. Do medo que sentimos de nos ver sem nada de uma hora para outra: sem emprego, sem dinheiro, sem casa, carro; numa palavra: sem bens materiais. Por isso tanto trabalhamos, tanto acumulamos. Às vezes até nos matamos. Esquecemos família, amigos, lazer. Poucas vezes repartimos, preocupados que estamos em ajuntar.

No entanto, a Sua advertência é clara, “Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho: se teu olho for simples, ficarás todo cheio de luz. Mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas. Se, pois, a luz em ti é trevas, quão grandes serão as trevas! Ninguém pode servir a dois senhores: ou vai odiar o primeiro e amar o outro, ou aderir ao primeiro e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro! Por isso, eu vos digo: não vivais preocupados com o que comer ou beber, quanto à vossa vida; nem com o que vestir, quanto ao vosso corpo. Afinal, a vida não é mais que o alimento, e o corpo, mais que a roupa? Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem guardam em celeiros. No entanto, o vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? E por que ficar tão preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, gente fraca de fé? Portanto, não vivais preocupados, dizendo: ‘Que vamos comer? Que vamos beber? Como nos vamos vestir?’ Os pagãos é que vivem procurando todas essas coisas. Vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal.”

Penso que, antes de qualquer outra coisa, a avareza é uma patologia. Simplesmente porque não faz o menor sentido essa luta desenfreada da humanidade em ajuntar, ajuntar e ajuntar, se nada disso, como tão bem diz o texto evangélico, pode acrescentar um dia sequer à nossa existência. Nem conforto à nossa vida o dinheiro é capaz de trazer. Fosse assim, os poderosos desse mundo não sofriam, os que ganham altos salários viviam felizes e nem seus filhos se entregariam às drogas na insana tentativa de preencherem o profundo vazio que uma vida entregue ao dinheiro muitas vezes está mergulhada; nem os abastados sofreriam de depressão nem muito menos cometeriam suicídio.

Nós nos esquecemos de que o que verdadeiramente conta é a vida na sua singeleza. Mas, esse viver importa realmente quando o amor e as relações com o outro ocupam o primeiro lugar em nossa existência.

Como seria bom se todos resolvessem fazer como sugere Chico César na sua belíssima canção “De uns tempos pra cá!” Confesso, viveríamos mais felizes. Não aguento, tenho de citar, senão toda, pelo menos uma parte dela. Se você, caro leitor, achar pouco, procure-a no youtube, veja e ouça o próprio Chico cantando. Vale a pena. Eis a letra:

De uns tempos pra cá
os móveis, a geladeira
o fogão, a enceradeira
a pia, o rodo, a pá
coisas que eu quis comprar
deu vontade de vender
e ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

De uns tempos pra cá
o carro, a casa, o som
tv, vídeo, livros, bom…
o que em tese faz um lar
admito eu quis comprar
começo a me arrepender
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

Coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar

De uns tempos pra cá
o pufe, a escrivaninha
sabe a mesa da cozinha?
lençóis, louça e o sofá
não precisa se alterar
pensei em me desfazer
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá…

Esta é, creio eu, a antítese da avareza. E é também, seguramente, um caminho mais seguro rumo à felicidade, afinal, pra que acordar cedo e dormir tarde se aos que Deus ama ele dá o pão enquanto domem? Pense nisso!
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