O candidato José Serra, do PSDB, mudou de atitude a partir do momento em que foi alcançado, e depois superado, pela concorrente Dilma Roussef, do PT, nas pesquisas de intenção de votos. Às vésperas da oficialização das candidaturas presidenciais deste ano, Serra, que antes estava exclusivamente “na sua”, partiu para o ataque, com críticas duras à principal adversária.
O alto tucanato tem à disposição competentes estrategistas e marketeiros. Deve ter avaliado a situação e traçado diretrizes políticas seguindo critérios científicos e mercadológicos consistentes.
Bem, mas pode até ser que essa estratégia funcione no brasileiro Brasil dos grandes centros urbanos. Mas ela parece equivocada quando analisada à luz do que pensa o eleitor de outro Brasil igualmente brasileiro, o dos campos e das cidades de pequeno e médio portes.
Neste Brasil dos grotões, no dizer do ex-presidente Tancredo Neves, a tão propalada igualdade entre os sexos continua sendo uma falácia. A mulher, sobretudo se for mãe, ainda é aquele ser mais frágil, mais delicado, que carrega a vida no ventre e merece especial apreço. Justificável ou não, por causa desse valor, um homem sempre perde quando ataca ou briga com uma mulher: se bate, ele é considerado covarde; se apanha, passa a ser visto como “frouxo”.
Poder-se-ia dizer que esse sentimento está presente apenas nos campos ou nas cidades pequenas ou médias, onde o colégio eleitoral é menor. Mas nunca é demais lembrar que quase todo brasileiro tem um pé na roça; que o antigo homem rural constitui uma imensa leva que está presente sobretudo na periferia das grandes capitais; e que ele foi para lá levando muito dos seus conceitos e valores. Se não, como explicar o estrondoso sucesso da música sertaneja ou caipira nas grandes metrópolis?
Existem muitos brasis no Brasil. E os candidatos e marqueteiros devem estar atentos a todos eles.
