O pecado da Luxúria

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No Dia Nacional de Combate à Hipertensão, José Tinhorão, ministro da Saúde, recomendou a prática diária do sexo – seguro, frise-se bem – como uma das medidas de prevenção da doença. Se a intenção era criar um factoide, não sabemos. Mas, que o ministro ganhou espaço em todas as mídias depois da declaração, disso todos somos testemunhas.

Nós, ocidentais, somos herdeiros de uma cultura que tem sérias dificuldades em lidar com o sexo. Para alguns, é herança de determinadas correntes do cristianismo, que viam no sexo algo ligado puramente ao hedonismo, à libidinagem ou ao sensualismo. Essa corrente é reforçada, sobretudo, por aqueles que defendem com unhas e dentes, por exemplo, o celibato obrigatório dos padres, mesmo que isto tenha se mostrado ineficaz e carregado de problemas. É tão forte esta tendência que, em cada cem cristãos católicos que são levados às glórias do altar (canonizados ou tornados santos), seguramente menos de 5% são de mulheres e homens casados, pais e mães de famílias. Exalta-se a virgindade quando, na verdade, a recomendação da lei mosaica é clara, crescei e multiplicai-vos. E como não há (não havia, pelo menos) outra maneira de crescer e multiplicar senão por meio da união sexual, penso eu que qualquer outra recomendação contradiz este mandamento.

Ao contrário do que muita gente pensa, na Bíblia, ou mais precisamente no Pentateuco (תּוֹרָה), não existem apenas os Dez Mandamentos, que aparecem em Êxodo (ואלה שמות) capítulo 20. A lista é longa e soma o incrível número de 613 mandamentos, ou Mitzvot, em hebraico. O primeiro deles aparece em Gêneses (בראשית) capítulo 1, versículo 28: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a!” Muito embora considere desnecessário, nunca é demais lembrar que, de acordo com este mitzvá, o sexo não só é bom para a saúde, como aludiu o ministro Tinhorão, mas recomendado pelo próprio Deus, conforme se viu logo acima. Ou seja, sexo não é nem nunca foi pecado, quando praticado dentro de uma relação de amor e respeito mútuo.

Para um judeu, é impensável alguém – seja homem ou mulher – permanecer solteiro ou não gerar filhos. É uma desonra para a família e uma abominação para aquele que escolhe o celibato como condição de vida. É uma desobediência ao primeiro dos 613 mandamentos que aparecem na Torá de Moises. Aos cristãos, acostumados em traçar uma linha tênue entre sexo e pecado, pode até parecer estranha a afirmação acima. No entanto, nem é necessário muito esforço exegético para perceber que o sexo é uma dádiva de Deus, quando vivido na plenitude do ser.

O problema reside, justamente, no excesso. Aliás, tudo em demasia faz mal à saúde do corpo e da alma: álcool, comida… até água, em excesso, mata; religião nem se fala! Nada pior do que um fanático religioso. Seguindo essa linha de raciocínio, com o sexo não poderia ser diferente. E é aí que entra a luxúria.

A Wikipédia, a enciclopédia virtual, define a luxúria como “um pecado capital, ou seja, um pecado mais forte que, segundo a doutrina católica, serve de ‘porta’ para levar a outros pecados. No caso da luxúria há diversas ramificações como, por exemplo, a prostituição, sodomia, pornografia, incesto, pedofilia, zoofilia ou bestialismo, masturbação, fetichismo, sadismo (busca de prazer infligindo dor ao parceiro) e masoquismo (busca de prazer recebendo do parceiro punições que envolvem dor), desvios sexuais, e tantos outros pecados relacionados com a carne.”

Diz mais que “a luxúria, segundo a mesma doutrina, pode acarretar em consequências como, por exemplo, o estímulo ao aborto (no caso de gravidez indesejada), transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, abuso sexual (no caso de pessoas com desvios sexuais que buscam na submissão do outro o seu prazer ou em pessoas que sofreram na infância tais abusos). Portanto, a luxúria seria uma porta de acesso a outros pecados (desvios morais).”

Há, de acordo com o que vimos, uma grande diferença entre a luxúria e o ato sexual em si. De maneira que, quando vivido de forma harmônica e integrado, o sexo é um componente fundamental da condição humana, e porta de acesso à felicidade plena.
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