Novamente Semana Santa. Período em que os cristãos páram para meditar a Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Essa semana é Santa porque, além de ter os dias santificados por Cristo, os cristãos procuram estar mais santos rezando mais e penitenciando-se.
Venho do Sul de Minas, uma região com celebrações tradicionais nessa ocasião. Ainda me recordo com saudade das procissões do depósito (lembra a prisão de Jesus), do encontro e da ressurreição. Enquanto a multidão passava pelas ruas com velas nas mãos e cantando músicas tradicionais as portas dos comércios iam como que automaticamente abaixando em sinal de respeito. Os senhores, mesmo não católicos, tiravam seu chapéu e colocavam sobre o peito ao ver a procissão se aproximar.
Um dos dias que mais marcavam era a sexta-feira santa, marcada pela fé e pela superstição. Logo cedo podia se ver dezenas de pessoas com caldeirões, baldes e litros na mão se dirigindo para as fazendas. Nesse dia não se vendia o leite, mas se distribuía gratuitamente pra quem quisesse. Porém ninguém bebia leite na sexta-feira santa, diziam que se transformaria em sangue em contato com a boca. Também não se varria casa nem lavava-se roupa, jejuava-se e abstinha-se de carne. O povo se reunia as três da tarde para a Solene Acão Litúrgica e no início da noite para assistir a encenação da Paixão e acompanhar a procissão do enterro (uma multidão de pessoas).
Alguns anos se passaram e a Semana Santa já não é mais a mesma. Ao invés de aproveitar os dias santos para oração, aproveitam pra passeios. O feriado religioso, criado com o objetivo de facilitar a participação dos fiéis nas celebrações religiosas tornou-se mais um feriado prolongado propício pra passeios, festas e diversões. As portas do comercio já nao mais se abaixam automaticamente, pelo contrário o som é aumentado porque o da procissão “atrapalha” curtir a música de sucesso, sem contas as bebidas alcóolicas que continuam sendo vendidas descriminadamente mesmo no dia santo e do baile de aleluia que reúne mais jovens que a Celebração da Vigília Pascal.
Da parte de Cristo não há dúvida de que a Semana é Santa? Mas da nossa parte será mesmo uma Semana Santa?
