Tão ou até mais grave que o desemprego que assola o Brasil, é o assédio moral no ambiente de trabalho. O acosso ou assédio moral refere-se à pressão, à desqualificação, à perseguição, ao amedrontamento, às ameaças e ao abuso de poder que trabalhadores sofrem diariamente nos locais de trabalho.
Seja no âmbito dos serviços públicos, instituições de ensino ou das empresas privadas, o problema é grave; não é sequer mencionado pelos políticos e pode causar uma série de doenças pisicossomáticas nas vítimas, tais como a depressão e até suicídios.
O tema tem sido tratado com rigor pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que lançou no Canadá a publicação “Seu colega quer sua cabeça”. No texto, são identificadas as principais características desses agressores:
"… seres brutais, que desde a infância cultivam a inveja, destruindo a dignidade dos demais, voltando sua tirania para pessoas emocionalmente frágeis e que não podem permitir-se deixar o trabalho; empregados ambiciosos e incompetentes, que apropriam-se das ideias de colegas que consideram rivais, com a finalidade de conseguir ascensão ou se auto-promoverem intelectualmente perante os chefes; geralmente ocultam seus erros difamando companheiros de trabalho".
Esse tipo de conflito ocorre não somente entre chefes e subalternos, mas entre os funcionários de modo geral e tem transformado os ambientes de trabalho em verdadeiros focos de neurose coletiva e destruição mútua, comprometendo, além da saúde e da realização pessoal, os próprios serviços.
O silêncio e a negligência tornam o problema cada vez mais grave e fora de controle. Apesar das ações estéreis dos Departamentos de Recursos Humanos e do blá-blá-blá dos administradores, não há no Brasil nenhum critério para a ocupação de cargos de chefia e grande parte dos funcionários são desviados de suas verdadeiras funções.
Urge que os governos estabeleçam programas de prevenção contra o problema. Seria importante se os candidatos, no meio de tanto palavreado inútil, conseguissem lançar o olhar para bem mais além, quando se referem ao empreguismo – pois o problema não está apenas no desemprego, mas também no emprego pelo qual o trabalhador, em troca de uma remuneração miserável, é obrigado a submeter-se a humilhações, relações falsas e condições irracionais.
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