Qual é o preço do analfabetismo, da falta de cultura, da ignorância? Acredito que poucas pessoas já pararam para pensar e avaliar o custo da falta de educação. É certo que aquele que não teve acesso a um ensino de qualidade, está fadado a viver marginalizado. Quando me refiro a marginalização, refiro-me primeiro a situações de exclusão dos bens ou condições dignas de sobrevivência.
Certo dia , tive a curiosidade de conversar com um andarilho ( dos muitos que perambulam pela nossa cidade) e ele me confidenciou que estava vindo de longe, de uma cidade do sul de Minas Gerais. Disse que é de uma família numerosa , de 15 filhos , e que, destes, apenas dois conseguiram “fazer o ginásio”! “Todos vivem por aí, doutor, pedindo esmolas e bebendo por esse mundão de meu Deus. Alguns já foram presos por várias vezes”, completou, com os olhos cheios de lágrimas.
Este é apenas um exemplo da conseqüência inexorável da falta de uma educação digna e de uma perspectiva de vida. Mas não fica por aí. Visite uma cadeia e pesquise sobre a escolaridade dos presos. De cada 10, dois chegaram ao segundo grau e apenas um alcançou a Faculdade. Visite uma favela ou mesmo a periferia mais pobre de Paracatu. Constatará que mais de 90% não conseguiram sequer terminar o ensino fundamental. Visite ainda os hospitais públicos e poderá observar também que 80% das doenças poderiam ser evitadas se houvesse prevenção e se aqueles pacientes fossem dotados de conhecimento e informações básicas sobre alimentação e higiene.
Chega-se fácil à conclusão que se os governantes em todos os níveis investissem mais em educação, reduziriam os gastos com cadeias e com programas sociais, além de possibilitar o pleno exercício da cidadania.
Estamos no mês de Outubro: mês das crianças , do professor e do aniversário de Paracatu. Um bom momento para refletir. Nossas crianças estão sendo educadas convenientemente, com educação de qualidade, com mestres bem remunerados? Os nossos professores são tratados com respeito, com plano de carreira digno e com boas condições de trabalho? Quanto ao salário, sabemos que continua uma miséria. Para completar, a prefeitura demitiu vários professores contratados e vice-diretoras e voltou para sala de aula professoras que há muito não lecionavam. Continua a reclamação quanto à queda de receita do município e o setor que mais sofreu com os cortes foi a Secretaria de Educação, comprometendo sobremaneira a qualidade do ensino. A Casa de Cultura também demitiu os seus instrutores, numa demonstração também de desrespeito com a cultura de nossa Atenas Mineira.
E então, qual é o custo da ignorância? Se invocarmos o Princípio da Eficiência da Administração Pública, facilmente seremos forçados a admitir que, ao investir em educação de qualidade, com respeito e salário digno aos professores, os governos estarão investindo em prevenção e, consequentemente, possibilitando a redução dos gastos em outros setores da administração.
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