Fazenda da família foi reconhecida pelo Educampo Leite como uma das que mais cuida de pessoas na região
“A vontade de viver do campo, do agro e de tudo aquilo que ele pode nos proporcionar está entranhado no nosso DNA”. É com esta convicção que a veterinária Cecília da Mota Dias, de 35 anos, conhecida como Ceci Mota, resume o seu amor enraizado há cinco gerações pela agropecuária.
Com atuação na gestão de pessoas nas duas fazendas da família, ambas localizadas no município de Lagoa Grande, Noroeste de Minas Gerais, Ceci é responsável por conduzir e desenvolver as habilidades dos funcionários. “Em 2023, fomos reconhecidos como a nona fazenda dentro do sistema Educampo, do Sebrae Minas, que mais cuida de pessoas”, revela com orgulho.
Hoje, a empresária rural também é palestrante e mentora especialista em liderança e gestão de pessoas, especialmente, para mulheres do agro. “Há três anos, decidimos trabalhar intensamente para qualificar os funcionários e superar o desafio que é a mão de obra no setor. A proposta de treinar e cuidar do pessoal tem o objetivo de tornar isso realmente uma cultura firme na fazenda. Acredito que este é o legado que queremos: deixar para o mercado da pecuária de leite e para quem está ao nosso redor”, frisa.
Fruto de muito trabalho e dedicação, as fazendas da família produzem cerca de 12 mil litros por dia. “Com apoio dos consultores do Educampo, por meio da Coopatos, temos informações, diagnósticos e direcionamento, refinando nossos processos e fazendo a diferença no nosso evoluir”, destaca.
Origem familiar
Em suas palestras, Ceci Mota lembra com orgulho a história de superação e de conquistas de seu pai, José Francelino Dias, e de sua avó, Maria Luiz Dias, hoje com 86 anos. Na quinta geração vivendo e atuando dentro de uma fazenda, em especial, exercendo a atividade leiteira, ela revela a trajetória de sua família nas regiões Alto Paranaíba e Noroeste do estado.
Ainda por volta de 1956, uma severa seca na região de Patos de Minas mudou a trajetória da família. “Todos os animais da fazenda morreram. Foi aí que minha avó e meu avô, com três filhos pequenos, decidiram sair da fazenda dos meus bisavôs e migrar para uma região pouco explorada”, revela. Segundo ela, comprar uma terra, naquela época, era muito acessível, entretanto, a propriedade ficava no meio de um cerrado fechado, com acesso complicado e sem energia, mas com condições de construírem um futuro próspero.
Durante muitos anos, a renda da família era obtida com a venda de queijos. “Meu avô comprou umas vaquinhas, e, com o leite, passaram a produzir queijo. Toda semana, minha avó pegava uma jardineira e percorria 110 km de estrada de terra para vendê-los em Patos de Minas e fazer dinheiro”, lembra.
A luta continuou por muitos anos. Na década de 1970, seu pai, com pouco mais de 20 anos, investiu no negócio de leite, abrindo novas áreas para pastagem e adquirindo mais animais. Nos anos 1980, ainda com uma produção muito pequena, seu pai tirava 50 litros de leite por dia, na mão. Contudo, foi a partir dos anos 1990, que as coisas começaram a mudar.
Pioneirismo
“Em 1994, meu pai contratou a primeira consultoria veterinária da região. A partir daí, a fazenda começou a ser gerida com mais profissionalismo. E o crescimento foi muito expressivo dentro deste processo”. Ceci Mota conta que, a partir de então, seu pai incentivou outros produtores do município a fazerem o mesmo. “Neste período, entre 1994 e 2004, Lagoa Grande teve um crescimento expressivo e representativo na base leiteira”, afirma.
Outro grande marco na trajetória de sucesso da família foi o investimento em infraestrutura para resfriar as vacas, o que impactou positivamente na fazenda, melhorando a reprodução, a saúde, o bem-estar e a produtividade. “Em mais de 40 anos de trajetória, saímos de 50 litros de leite para 12 mil litros por dia, atualmente”, explica.
Hoje, a Fazenda Cruzeiro, administrada pelo seu pai, tem 12 funcionários, e a Fazenda Gameleira, da sua avó e família, tem 13 funcionários. Neste trabalho, Ceci explica que é a responsável por conduzir e desenvolver as habilidades dos funcionários. “Minha atuação é direcionada para melhorar a formação e a autoestima dos colaboradores, para que se sintam pertencentes, produtivos, e, claro, traga benefícios e resultados para a fazenda”, reforça.
Além dela e do pai, mais dois primos prestam serviço para a fazenda. Sucessora dos empreendimentos, Ceci espera continuar atuando na área e seguir escrevendo a história da família pelo resto da vida.
Fonte: Sebrae Minas