O bom desempenho do mercado de suínos se deve a vários fatores, mas, principalmente, ao aumento do poder aquisitivo das classes mais baixas e às sucessivas escaladas do preço da carne bovina nos açougues. Para se ter ideia, entre janeiro e dezembro de 2010, enquanto o preço da carne de gado saltou 25,51%, o da de porco subiu 14,86%, segundo levantamento da Fundação Ipead/UFMG.
Só o frigorífico Uberaba, um dos maiores do estado, abateu cerca de 1,2 mil porcos por dia no ano passado. "Foram cerca de 84 toneladas de carne (a cada 24 horas). Em 2011, o número já subiu para 1,5 mil (cabeças), ou aproximadamente 100 toneladas", comemora Carlos Ferreira Rocha, gerente comercial da empresa e assessor da presidência do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Minas Gerais (Sinduscarne). "No confronto entre 2010 e 2009, o setor vendeu 20% a mais de carne suína. O grande motivo foi a alta do preço do mercado de boi".
Venda cresce nos açougues
Alguns açougues, tipo de estabelecimento que interessa diretamente ao consumidor, registraram justamente este percentual. Proprietários de açougue ressaltam que boa parte da clientela migrou para o alimento mais barato e estão vendendo 20% a mais de porco e 20% a menos de boi, pois a primeira custa pouco mais da metade da segunda. Em supermercados de Paracatu a concorrência é boa para o consumidor que chega a pagar R$ 4,99 pelo quilo da carne suína com osso.
Gripe suína
A estatística também mostra que a equivocada associação da carne porco à gripe H1N1, há quase dois anos, não afetou o setor no estado. Apesar de ser o maior consumidor per capita do alimento, Minas é o quarto maior produtor da carne, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína.
Para saber mais
Nutricionistas alertam que tanto a carne de porco quanto a bovina têm pontos positivos e negativos. Uma das críticas dos especialistas recai sobre as chamadas partes gordas de ambos os alimentos. Por outro lado, as partes magras dos dois animais contém ferro, nutriente que previne a anemia. "Na de boi, há 2 miligramas para cada 100 gramas de alimento cru. Na de porco, 0,5 miligramas", diz a professora Carla de Oliveira Barbosa Rosa, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário Newton Paiva. Porém, destaca a especialista, que o percentual de nutriente encontrado na carne de porco pode ser fomentado com o consumo de outros alimentos, como laranja, abacaxi e goiaba. "A carne de boi é a melhor fonte de ferro para alimentação, mas variedade é importante. Se a pessoa comer apenas um tipo de carne, vai garantir somente aquele tipo de nutriente naquele alimento". Na visão dela, portanto, ambas carnes são importantes. Porém, segundo a especialista, que também é consumidora, a família deve levar em conta a disparidade de preço no momento da compra. "Dá para usar a carne de porco em substituição à de boi. O teor de proteína e o valor calórico são praticamente os mesmos em ambas as carnes sem gorduras."

