A relação entre isolamento social e violência doméstica

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O tempo em que vivemos requer medidas que já não são novidade para o população, ser ou não a favor do isolamento social para meio de prevenção não é o que se busca refletir neste texto. A intenção aqui é observarmos como o confinamento domiciliar ressaltou alguns problemas que já andavam acomodados na sociedade. 
Dentre grandes problemas que contribuem para o caos atual, o aumento na incidência de violência doméstica é um dos que despertam emergência. 
Estima-se que uma a cada três mulheres no Brasil já tenha sofrido violência física ou psicológica. Das mortes ocorridas, mais de um terço foi provocada por parceiros íntimos. Estes dados são conhecidos e disponibilizados em bancos de pesquisa da ONU e da OMS. O que se tem observado é o aumento de algo que nunca foi pequeno. Isso se explica pela presença dos agressores por um maior período de tempo no mesmo ambiente que a vítima, com o isolamento social, a convivência sob o mesmo teto nem sempre é harmoniosa como alguns stories familiares no instagram. 
Afastada das atividades sociais algumas mulheres se distanciam de grande parte dos grupos de apoio, como o trabalho, amigos, familiares e até mesmo a escola dos filhos. Sem reforçadores sociais a vítima se encontra em um convívio restrito às pessoas que estão em sua casa, incluindo o agressor. Além de violência física, a presença do homem nestas condições de opressão, estabelece domínio sobre a dinâmica da casa, o que favorece a submissão da mulher. Maior controle sobre as finanças, incluindo o domínio sobre o dinheiro da parceira, e a distância dos grupos sociais que eram frequentados, são fatores que contribuem para o aumento da manipulação e abuso psicológico, fazendo com que a mulher esteja em uma situação de vulnerabilidade e na maioria das vezes sentindo-se sem saída. 
Não se pode dizer que estes são efeitos causados pela quarentena. O isolamento social potencializou um problema já recorrente em nosso meio. Relacionar o aumento da violência ao estresse e sofrimento gerado pela crise, explica ainda mais como a mulher é objetificada nestas relações. É como compará-las a um saco de pancadas, algo em que se descarrega a agressividade contida do dia a dia, a diferença é que este objeto por sua vez não é culpado por estar no caminho, como ocorre com mulheres que são culpabilizadas por estarem neste tipo de relação. 
Diante esta realidade, programas de ação social tomaram iniciativas de incentivo à denúncia e apoio às vítimas. Aplicativos, canais de atendimento como o 180, e símbolos de socorro, são alguns exemplos das tentativas de suporte a estas pessoas, a campanha do "x" vermelho na mão leva a ideia de um pedido de ajuda mesmo na presença do agressor, é uma forma para que a vítima fique menos intimidada. 
Em momentos como este, diante aos fatos, é pertinente repensar qual o nosso nível de comprometimento por esta causa, e observar como a negligência pode ser tão letal quanto o agressor. 

Mirelle Mendes Ribeiro Ramos

XMCred Soluções Financeiras
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