Primeira Apac Juvenil do mundo é inaugurada em Minas Gerais

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O estado de Minas Gerais ganhou na última sexta-feira (04/10) a primeira APAC juvenil do mundo o projeto piloto instalado na comarca de Frutal no triangulo mineiro poderá receber até 60 menores em conflito com a lei. 
Na unidade, batizada de Apac Juvenil Centro Educacional Doutor Mário Ottoboni, será desenvolvido o projeto piloto de aplicação da metodologia apaquiana junto a menores em conflito com a lei. A experiência é inédita e a unidade é a primeira do gênero no mundo.
O valor da unidade, cerca de R$ 770 mil, foi integralmente custeado pelo Poder Judiciário local com verbas de prestações pecuniárias. Iniciada em janeiro de 2019, a obra foi concluída em nove meses. Trabalharam na construção os recuperandos da Apac masculina da comarca, que tem também uma unidade dedicada ao público feminino.
Ao discursar na solenidade de inauguração, o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Nelson Missias de Morais, falou de sua emoção naquele momento. E lembrou que foi um dos primeiros a atuar na metodologia apaquiana. “Descobri que a Apac recuperava não apenas os apenados, mas também os juízes”, declarou.
O presidente ressaltou as peculiaridades da unidade que atuará com adolescentes. “Precisaremos de cautela, muita cautela, no trato com todos eles, de modo a que associem sua passagem por aqui, que será breve, à necessidade de se prepararem dignamente para uma vida feliz e produtiva”, observou.
Entre outros pontos, o chefe do Judiciário mineiro afirmou que a inauguração do Centro Educativo Doutor Mário Ottoboni ensinará a todos que é preciso “construir também alternativas para o tratamento dos menores infratores”.
 “Diante das circunstâncias vivenciadas pela Comarca de Frutal no enfrentamento de menores em conflito com a lei, ter a oportunidade de inaugurar um Centro Socioeducativo Juvenil, sob a gestão da Apac, significa investir no ser humano em seu momento mais sensível”, destacou o juiz diretor do foro da comarca, Gustavo Moreira.
O magistrado observou ser de conhecimento geral o fato de a maioria da população carcerária do País ter idade entre 18 e 25 anos. Boa parte deles pratica atos infracionais que não foram objeto de responsabilização ou aplicação de medidas socioeducativas. Na avaliação do juiz, educar esses menores e reinseri-los em atividades educacionais, profissionalizantes e voltadas à proteção da família produzirá impactos “nos números de criminalidade que afetam todo o território nacional”. 
O diretor executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), Valdeci Antônio Ferreira, explica que a Apac nasceu em 1972, na cidade paulista de São José dos Campos, por iniciativa do advogado e jornalista Mário Ottoboni. A FBAC é a entidade que assessora e fiscaliza as Apacs em todo o mundo.
“Toda a metodologia foi desenvolvida, inicialmente, para atender ao público masculino”, observa. Foi somente três décadas depois, em 2002, com a metodologia já consolidada, que surgiu a primeira Apac Feminina, em Itaúna.
Quase 20 anos depois, ressalta Valdeci, surge o novo desafio: adaptar a metodologia para adolescentes em conflito com a lei.  “Essa experiência de atendimento a esse público já vinha sendo aguardada havia muito anos.”
 “A FBAC participou, desde o início, da elaboração do projeto pedagógico e do plano arquitetônico da unidade, pois para essa experiência juvenil precisam ser considerados vários fatores. Principalmente, o fato de que a psicologia do adolescente infrator é diferente da do adulto infrator”, afirma.
De acordo com Valdeci Ferreira, será preciso, no mínimo, um ano para a validação da experiência. “Somente após esse tempo, poderemos incentivar sua adoção em outras comarcas. Nenhuma outra Apac Juvenil, além da de Frutal, poderá ser iniciada sem que a FBAC valide primeiro a experiência de Frutal”, ressalta.
“Para nós, essa inauguração é motivo de muita alegria e muita esperança. Será feita uma nova experiência, e com isso podemos dizer que o método fica completo: atendimento ao público adulto masculino, adulto feminino e adolescentes em conflito com a lei”, concluiu.
Para as famílias da região, era muito sofrido quando seus filhos eram enviados para cumprir medidas de internação em cidades distantes, como Uberaba ou Uberlândia. Por isso, a importância dessa iniciativa para a comunidade.
A unidade juvenil entrará em funcionamento em janeiro de 2020. A gestora das Apacs de Frutal, Paula Queiroz Vieira, esteve também presente à inauguração e foi uma das oradoras. Segundo ela, serão iniciadas as negociações com o Governo do Estado para firmar o convênio de repasse dos recursos para seleção, contratação e treinamento dos funcionários — serão abertas 32 vagas na Apac Juvenil. A Apac Juvenil está localizada na estrada de Pirajuba, KM1, Bairro Frutal II.
Também prestigiaram a solenidade, entre diversas autoridades, os desembargadores Júlio César Gutierrez, superintendente do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMG); Márcia Maria Milanez, coordenadora do programa Novos Rumos; e Valéria Rodrigues Queiroz, superintendente da Coordenadoria da Infância e da Juventude (Coinj). Esteve presente ainda o juiz auxiliar da Presidência Luiz Carlos Rezende e Santos, representando o presidente da Amagis, Alberto Diniz Junior. 
Descerraram a placa de inauguração o presidente do TJMG, Nelson Missias de Morais; o secretário de Justiça e Segurança Pública, Mario Lúcio Alves de Araújo; o procurador geral de justiça, Antônio Sérgio Tonet; o diretor executivo da FBAC, Valdeci Ferreira; o presidente da Apac de Frutal, Natanael Silveira de Souza; a prefeita de Frutal, Maria Cecília Machi; a gestora das Apacs, Paula Queiroz Vieira; e o juiz Gustavo Moreira.
O presidente da Apac, Natanael Silveira de Souza, também entregou placas de homenagem a várias personalidades.
Compareceram ainda os prefeitos de Pirajuba, Rui Ramos, e Itapegipe, Benice Maria, além de políticos, representantes do Judiciário e outras autoridades da região.
A Apac Juvenil de Frutal tem 4 mil metros quadrados de área total, sendo 1.206 metros quadrados de construção, divididos em área administrativa, regime semiliberdade, regime de internação provisória e regime de internação, com capacidade para abrigar um total de 60 jovens.
No espaço lúdico, na área externa, há uma área de jardinagem de mil metros quadrados e uma quadra de areia. A área administrativa é composta por recepção, sala da diretoria, sala de apoio aos plantonistas, sala administrativa e salas de atendimento odontológico, psicológico e de assistência social, cozinha, dispensa e varandas e banheiros acessíveis.
Em seu nome, o centro educacional homenageia o idealizador da metodologia apaquiana. Estudioso do sistema penitenciário brasileiro, Mário Ottoboni criou, na década de 1960, um grupo para avaliar de perto a realidade nos presídios e estudar o tema. Dessa experiência, e sob a liderança dele, surgiu o método Apac.
As Apacs são uma alternativa ao sistema prisional comum. Consistem em uma metodologia que aposta na recuperação do ser humano que cometeu um crime, tendo como base de seu trabalho a humanização do cumprimento das penas privativas de liberdade.
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