Precisamos falar sobre manicômios

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Popularmente conhecido como hospício, os manicômios eram lugares destinados às pessoas com transtornos mentais. Eram, por que a partir da reforma psiquiátrica ocorrida no Brasil no final da década de 70 esses lugares passam a não serem mais indicados para tratamento, já que haviam se tornado (para não dizer que foram criados para isso) exílio, não só dos doentes mentais, mas também de crianças e adolescentes com comportamento inadequado, militantes políticos e demais pessoas que demonstrassem atitude incomoda suficiente para serem varridos da sociedade, promovendo assim uma dita “higienização social”, que visava livrar da sociedade esses membros que não se enquadravam nos padrões exigidos, principalmente de normalidade. Aglomerados, por livre vontade ou não, sem critérios de idade, sexo, ou grau de doença, medicalizados com ou sem necessidade, assim era a vida dos internos em manicômios, como o de Barbacena, por exemplo, que é popularmente conhecido pelas atrocidades cometidas.

Diante dos fatos, não faltam motivos para que os manicômios sejam repensados, mas a luta antimanicomial parte do uma simples conclusão, louco também é gente. E é gente que precisa de cuidado, de respeito, de tratamento humanizado e não de abandono. Os doentes mentais devem ter seus direitos resguardados e tratamento qualificado para que possam viver em sociedade da melhor maneira possível, como é direito de todos. Não é justificável manter preso quem é inocente. Manicômio é prisão de indefesos.

Ao adentrar tais instituições como internado, o doente é despido, da sua individualidade, da sua personalidade, do seu eu que não é considerado, mas mortificado. Não existe mais o João ou a Maria, existe um interno que é reconhecido pela doença. Isso não é humano, não é tratamento. Vinculo e afetividade é a base para desenvolvimento de todo ser humano, o pertencimento e proteção é função da sociedade, e é nesse berço que o doente mental poderá ter uma qualidade de vida digna de gente.

Existem programas atuais destinados a cuidar e acolher a pessoa em sofrimento mental, como CAPS e hospitais dia, onde a pessoa recebe tratamento e acompanhamento envolvendo a participação dos familiares, mantendo sua liberdade de frequentar a própria casa e conviver com os seus.

O objetivo dos manicômios não é a reabilitação social, mas excluir, aquele louco da rua que incomoda, que é visto como sem solução pela sociedade, mas louco também é gente, e pessoas não podem ser jogadas fora. É preciso abraçar a causa, não é necessário levar um “louco” para casa, já é de grande relevância o apoio à projetos e a cobrança de efetividade das políticas públicas que promovem saúde à essas pessoas.

Não é possível apagar as pessoas acometidas por um transtorno ou negar sua existência. O doente mental sofre, desde que a loucura era vista como possessão demoníaca até quando a doença é colocada como frescura, por séculos essas pessoas foram excluídas e estigmatizadas. A promoção de saúde, respeito e qualidade de vida ao doente é de responsabilidade não só pública, mas social. É por essa razão que levantamos a bandeira de “não aos manicômios”, é necessária resistência aos retrocessos que ameaçam as conquistas que foram lutadas para que a recuperação da saúde mental fosse tratada com o respeito merece.

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