Linha aérea em Paracatu: Será que pode melhorar?

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“Azas da Panair: Porque não vem pousar elas em Paracatu?”, era a manchete do Paracatu – Jornal que circulara em 4 de outubro de 1931, de modo a expressar, a sua época, grande apelo para a chegada do progresso a estas cercanias, e cujo grupo de entusiastas contava com o apoio, dentre outros, do visionário Professor Olímpio Gonzaga e do também filho desta terra e então Ministro das Relações Exteriores, Afrânio de Mello Franco, para que a afamada companhia aérea por aqui fizesse sua escala afim trazer dos céus o desenvolvimento para a região.
Não é de hoje, portanto, que esforços vinham sendo empreendidos para que a aviação comercial se tornasse uma realidade na cidade mãe do Noroeste de Minas Gerais. Constata-se, ademais, o interesse por parte das próprias empresas em atuarem em Paracatu, a exemplo de outra importante companhia aérea, a Nacional, que chegara a requerer à Diretoria da Aeronáutica Civil, em 1954, a autorização necessária para tal, contudo, sem concretizar seu projeto sabe-se lá por qual motivo. Fato é que naquele ano são vistos anúncios de vôos da respectiva empresa a partir do município vizinho de Cristalina, em Goiás, com destino a Belo Horizonte, Goiânia, Uberlândia, Catalão, entre outros.
Tentativa bem mais recente de emplacar o transporte aéreo regular de passageiros ocorrera em maio do ano passado com a empresa amazonense Apuí Táxi Aéreo, cuja atuação durara não mais que duas semanas na rota Brasília-Paracatu-Patos de Minas-Belo Horizonte, sem informações oficiais que explicassem a descontinuidade de suas operações nos municípios que integrariam a chamada Linha Redentora (nome de batismo do vôo).
O sonho de ver Paracatu “decolar” e de seu aeroporto servir de fato aos interesses coletivos – grande parte dos aeroportos serve, na maioria das vezes,  de “campo de pouso” para aeronaves de empresários, artistas e outros mais abastados – viria a concretizar-se em pouco tempo, por meio de um esforço conjunto da administração municipal, do empresariado local e do Estado de Minas Gerais, por meio do programa Voe Minas Gerais, da CODEMIG (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais).  Através dessa iniciativa, o Noroeste Mineiro passou de fato a ter sua ligação, por vias aéreas, com a desenvolvida Patos de Minas e com a capital mineira desde o vôo inaugural realizado em 16 de agosto de 2017.
Os vôos contam, desde o início, com uma aeronave Cesna Grand Caravam 208B da companhia aérea Two Flex, com capacidade para até 9 passageiros, e desde a sua implantação até o último dia 30 de junho deste ano já contabilizou o total de 139 passageiros transportados na rota Paracatu a Patos de Minas, e Paracatu a Belo Horizonte, e 182 pessoas que viajaram da capital mineira com destino à antiga Vila de Paracatu do Príncipe, de forma que o maior número de bilhetes da linha aérea foi comercializado para o percurso entre Beagá e Patos de Minas, ou seja,  um total de 754.
Apesar de representar um grande avanço para o transporte aéreo regional, se considerados os últimos 87 anos em que Paracatu aspira a um modal regular na categoria, é bem verdade que o valor dos bilhetes, comercializados em média a partir de R$ 260,00 (Paracatu a Patos de Minas) e R$ 650,00 (Paracatu a Belo Horizonte), está muito além das possibilidades da grande maioria da população local, que prefere viajar de ônibus e pagar aproximados 20 a 30% desses valores ou fazer o deslocamento com veículo próprio.
Diferentemente de outros municípios que recebem aeronaves com capacidade para até 72 passageiros, a exemplo de Lençóis (Chapada Diamantina, na Bahia) com 11.445 habitantes e Teixeira de Freitas (BA) com 161.690 habitantes, ambas atendidas pela Companhia Azul Linhas Aéreas, os cidadãos do Noroeste de Minas continuarão tão somente a sonhar, pelo menos por enquanto, com a possibilidade de irem a Belo Horizonte ou até mesmo a outros destinos fora do Estado (Por que não!?) pagando quantias que lhes sejam mais acessíveis.
 
SOBRE O VOE MINAS GERAIS
O programa Voe Minas Gerais tem por objetivo propiciar a regionalização do transporte aéreo, de forma a funcionar como uma espécie de hub (conexão) na capital mineira para as cidades do interior do Estado, portanto, estratégico para o desenvolvimento dos negócios e do turismo em suas diferentes vertentes. A iniciativa garante ainda a compensação financeira de 45% das horas de vôo contratadas (300h/mês) caso a empresa aérea licitada não consiga vender o mínimo de assentos necessários para a consecução da viagem ou não haja vôos durante o mês.
 
(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é consultor em organização de arquivos e memória empresarial.

 

Referências:

 

A Nacional passará a escalar em Paracatu. A Tribuna de Paracatu. Paracatu, nº 87, p. 8, 28 nov. 1954.

ALMEIDA, Suellen Silva de. Voe Minas Gerais. Belo Horizonte, CODEMIG, 20 Jul. 2018. Entrevista a Carlos Lima.

Azas da Panair: Porque não vem pousar elas em Paracatu? Paracatu-Jornal. Paracatu, nº 3, p. 1, 4 out. 1931.

ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA ANAC. Plano para desenvolvimento de hubs regionais no sistema aeroportuário mineiro. Disponível em: <sa-anac.org.br/biblioteca/download/cda/115/cdc/773>. Acesso em: 20 Jul. 2018

NACIONAL Transportes Aéreos: Novos horários em Cristalina. A Tribuna de Paracatu. Paracatu, nº 163, p. 3, 27 Maio 1956.

VOE MINAS GERAIS. Projeto de integração regional de Minas Gerais – Modal aéreo. Disponível em: < http://www.voeminasgerais.com.br/>. Acesso em: 20 Jul. 2018.

 
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