O crescimento do cristianismo primitivo na perspectiva de Rodney Stark

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O Sociólogo da Religião Rodney William Stark, em sua obra “O crescimento do cristianismo” (1996) indaga sobre os fatores que marcaram o chamado movimento messiânico e levaram ao crescimento do cristianismo, que, em princípio se constituia de um minúsculo e obscuro grupo da periferia do Império Romano e que em pouco tempo desbancou o paganismo clássico e tornou-se a religião dominante da civilização ocidental.
Vale ressaltar os principais elementos determinantes na evolução dos referidos grupos: classe fundamental do cristianismo primitivo, missão junto ao povo judeu, epidemias, papel das mulheres no crescimento cristão, cristianização do império urbano, caos urbano e sacrifício como escolha racional.
A taxa de crescimento do cristianismo no Império Romano foi marcante. O número de cristãos passou de 10,5% no ano 300, para 56,5% em 350 (de pouco mais de 6 milhões subiu para 33 milhões). Averígua-se que, se nos primeiros anos o crescimento do cristianismo não foi significativo, após o ano 150 os saltos são verticais ascendentes e estratosféricos. Neste sentido, dois fatos históricos podem ser apresentados como elementos influências imprescindíveis para este fenômeno religioso: a política de Estado de Galério, que desobrigou os cristãos de rezarem para os deuses romanos em prol da segurança do Estado e o edito de tolerância de Constantino.
Não obstante, em seus primórdios se constituía como um movimento de pobres e despossuídos, o cristianismo sempre admitiu pessoas de todas as classes, acolhendo tanto os despossuídas quanto de classes privilegiadas. Possibilitou por conseguinte a manutenção das relações sociais abertas e integrou pessoas de diferentes classes sociais de forma homogênea.
A gênese do cristianismo é o seio da cultura judaica. A crença dos apóstolos na ressureição de Jesus incorpora um novo elemento que o diferencia dos elementos do judaísmo de então. Porém, a ruptura total entre a Igreja e a sinagoga levou séculos, o que se constitui como um processo de maturação de longo prazo.
O cristianismo passa a ser compreendido como movimento cúltico, pois tem como fundamento as ideias que apontam para uma religiosa original e inovadora. O judeu-cristianismo foi importante para o crescimento do cristianismo. No entanto, o autor lembra que por ocasião da diáspora os judeus assimilaram a cultura e foram assimilados por ela.
Outro elemento preponderante é o fato de que o cristianismo se afirmou por meio das redes estabelecidas pelos judeus no solo social. Os judeus helenizados na diáspora encontravam-se entre a cultura rígida dos que seguiam a lei e os costumes gregos. O maior desafio era continuar judeu, sem se recolher num gueto espiritual e, ao mesmo tempo, reivindicar uma plena inserção no mundo social grego. O surgimento do cristianismo possibilitou um salto identitário para os judeus helenizados e para os pagãos, pois ofereceu duplamente mais continuidade cultural: aos judeus helenizados e aos pagãos, que se encontravam oprimidos entre duas culturas e o cristianismo permitiu que seu conteúdo religioso fosse preservado e se resolvessem as contradições históricas que incomodavam a ambos.
Pregando uma fé fortemente calcada no além-mundo e na salvação, os primeiros missionários – judeus convertidos – saíram da Palestina por volta do ano 50 e anunciaram o Evangelho aos judeus helenizados. Isto provocava uma fé extraordinária. Muitos dos convertidos mencionados no Novo Testamento podem ser identificados como judeus helenizados
            O que se pode concluir é que uma sólida e crescente rede de relacionamentos sociais se criara entre parentes e amigos de judeus que estavam dispersos e se convertiam ao cristianismo. É evidente que as comunidades judaicas e cristãs permaneceram intimamente ligadas por muito tempo.
 

* Mestre em Ciência da Religião pela PUC Minas. Especialista em Pedagogia Empresarial pela FINOM. Licenciado em Filosofia pela PUC Minas. Atualmente é Diretor Acadêmico da FINOM.

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