Bispo quer padres fora da política. Mas, resistirão eles às vivandeiras?

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          O marechal Castelo Branco, presidente da República no período ditatorial de abril/64 a março/67, costumava comparar os políticos que procuravam os quartéis para costurar conchavos às “vivandeiras alvoroçadas que vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar”. Em Paracatu e região, já há algum tempo, estrategistas eleitorais de variados partidos, como se as vivandeiras de Castelo Branco fossem, têm procurado bolir com os padres e outros religiosos e, com relativo sucesso, provocar essas “extravagâncias” do poder religioso.
          Mas, com o atual bispo diocesano, Dom Jorge Alves Bezerra, o efeito dessas investidas poderá não ser tão intenso. Ele disse ao Programa Opinião e Debate, veiculado pela Rádio Juriti AM, que não vai interferir na liberdade de participação de padres e outros religiosos católicos na vida política, partidária e opção eleitoral, ressalvando, contudo, que “pedirá” a quem fizer essa opção o afastamento das suas funções sacerdotais. “A Igreja, colegiadamente, disse para os sacerdotes se ocuparem, exclusivamente, da sua missão de evangelizar. E o bispo não está acima, mas em consonância, com o magistério da Igreja”.
          A participação principalmente de padres é um assunto que sempre aflora em anos eleitorais, como o atual, dividindo o rebanho e o clero. Há, geralmente entre os considerados mais conservadores, quem se apegue às proibições instituídas pelo Código de Direito Canônico, especialmente ao parágrafo 3º do cânone 285: “Os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos, que implicam participação no exercício do poder civil”. No entanto, os chamados progressistas defendem essa participação política, citando os dizeres do parágrafo 1º do cânone 287: “Os clérigos sempre favoreçam de modo máximo a manutenção entre os homens de paz e de concórdia fundada na justiça” – valores que pretendem defender em suas ações políticas. Dentro desse contexto, os progressistas ensaiaram, até o pleito passado, o lançamento da candidatura a prefeito do então padre José Ivan Lopes. Agora que este abandonou a batina, e também porque não encoraja iniciativas dessa natureza, já não defendem esse projeto com tanta ênfase.
          No caso da Diocese de Paracatu, já tiveram papel de maior relevância os padres José Vicente Damasceno, duas vezes eleito prefeito de Buritis e atualmente sacerdote em Brasília, e  Geraldo Martins da Mota (conhecido como Padre Preguinho). O último, depois de ser candidato a prefeito e a deputado estadual, é anunciado  em 2016  como pré-candidato a prefeito de João Pinheiro, que faz parte da Diocese de Paracatu, área sob a autoridade eclesiástica  do bispo Dom Jorge.
          Em sua entre vista radiofônica, o bispo Dom Jorge, reconhecido como um intelectual de ponta, que faz uso de uma linguagem erudita, escorreita, sem mácula, frisou que vai, sem interferir na liberdade de escolha de cada sacerdote, “pedir” que todos optem ou pelo serviço político partidário ou pela missão sacerdotal: “Àquele que desejar optar pela política, vamos pedir que fique… assim… um pouco de férias”. Resta um consolo aos “progressistas”: o sacerdote que ficar “um pouco de férias”, que deverá ter duração similar ao período de campanha e, se eleito, ao tempo de mandato, não estará automaticamente abandonando a batina. Ele, dependendo do seu bispo, poderá retornar às atividades sacerdotais depois, segundo explica o padre José Nassif Nicolau, mestre em Direito Canônico e membro da Sociedade Brasileira de Canonistas: uma vez ordenado padre, o padre  será padre a vida inteira.
      

Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira

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