A história da Salvação na perspectiva da Teologia de Karl Rahner

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Uma nova forma de se entender a história da salvação encontra ressonância no pensamento do teólogo Karl Ranher. Ela passa a ser vista como “coexistente” a toda história da humanidade. Todavia, não há duas histórias: uma salvífica e a outra profana, que adotam caminhos opostos e sem nenhum tipo de relação ou nexo.  A questão específica de uma teologia das religiões não é se a salvação é possível para os infiéis ou mesmo para os não-cristãos. Ora, este é um problema que sempre acompanhou a reflexão teológica e ao qual a teologia comumente respondeu em sentido afirmativo, sustentando, de um lado, a necessidade de se pertencer à Igreja para se conseguir a salvação; mas, de outro lado, admitindo, por força da vontade salvífica universal, a possibilidade de um votumfidei, ou votumecclesiae, ou ainda votumveritatis, cada vez mais dilatado e interpretado, que representava, se não um caminho, pelo menos uma passagem para a salvação para os não-cristãos.

           O axioma “fora da Igreja não há salvação” servia de contrapeso ao axioma teológico que aquele que faz tudo aquilo que está em seu poder, Deus não nega a graça. Rahner lembra que essa questão se refere a uma elaboração teológica quase que em termos mitológicos, uma vez que defende a tese de que a graça ocorre somente no momento em que a pregação do Evangelho atinge o ouvinte. O tema próprio de uma teologia das religiões não é, pois, a possibilidade da salvação para cada pessoa que, embora não professando a fé cristã, vive uma vida honesta e moral, e sim o significado humano e o valor salvífico das religiões enquanto tal.

             A compreensão do pensamento teológico de Rahner passa obrigatoriamente pela leitura dos escritos do eminente teólogo Heinz Robert Schlette, considerado o precursor de uma das primeiras tentativas de sistematizar e apresentar o problema da teologia das religiões, presente em sua obra As religiões como tema da teologia (1963), reconhecendo que “aqui nos encontramos diante de um terreno dogmaticamente nove, comparável às zonas em branco dos antigos atlas”. 

        Nessa direção, apontando para a linha mestra do texto, a Teologia das Religiões cria o seu estatuto em meados dos anos 60, com a colaboração, sobretudo, dos teólogos Karl Rahner e Heinz Robert Schlette. Destacamos evidentemente a contribuição do primeiro teólogo em questão.

      Em uma conferência, na Baviera, em 1961, tratando do tema Cristianismo e religiões não-cristãs, que foi publicada no volume V dos Escritos teológicos (1962), Hahner formulou a tese dos “cristãos anônimos”. Naquela ocasião, ele afirmou que a vontade salvífica universal de Deus em Cristo oferece a salvação a todos os seres humanos. Para tanto, defende a teoria de que a graça pode alcançar os seres humanos, não obstante em casos em de estarem distantes da Igreja cristã, e os alcança na concretude de sua vida humana e religiosa, e, portanto, não importa as religiões, mas a graça ocorre por meio das religiões. Em outras palavras, as religiões não-cristãs inserem-se na “Providência salvífica de Deus”.

Mestre em Ciência da Religião pela PUC Minas. Especialista em Pedagogia Empresarial pela FINOM. Licenciado em Filosofia pela PUC Minas. Atualmente é Diretor Acadêmico da FINOM.

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