A campanha eleitoral 2016 ainda nem foi deflagrada, embora ela esteja como fogo de borralho: muitas cinzas por cima, brasa viva por baixo. Mas, segundo observadores políticos locais, já há uma novidade política esperada para o pleito parlamentar de 2018, dois anos depois: a vereadora Marli Ribeiro, do PTB, que deverá pleitear a reeleição no ano que vem, já é vista como pré em potencial e, no momento oportuno, deverá ser oficializada como candidata a deputada estadual. Devolveria ela, assim, a Paracatu e à região, a secular representação perdida a partir da saída do ex-deputado Almir Paraca, do PT, da Assembleia Legislativa mineira. Por isso, prevêem esses observadores, poderá ela chegar a 2018 cheia de moral, de história de vida e muita fé.
Paracatu ficou sem voz e vez no Parlamento de Minas Gerais em 1971, quando Jorge Vargas, mesmo tendo como principal base a região de Pirapora, no Norte de Minas, respondia pela representação do Noroeste desde 1963, por ser filho do município e do seu ex-prefeito Quintino Vargas. Com a sua saída para ser deputado federal naquele ano, depois ministro do Tribunal de Contas da União, cargo no qual morreu, em 1988, Vargas deixou um vácuo político que só veio a ser preenchido 14 anos depois, em 1995, com a eleição de Almir Paraca, do PT, à Assembleia. Foram tempos difíceis, de esquecimento crônico e abandono sistemático. Daí o projeto que gravita em torno de Marli Ribeiro dever vir a ser bem recebido por diferentes partidos e facções políticas, segundo os observadores, eis que poderá devolver à cidade e à região um assento existente desde o Império, dolorosamente perdido e só reconquistado a duras penas depois, atualmente novamente vago no sobe-desce da gangorra política, com os prejuízos que isso representou e representa.
Diferentemente de várias outras iniciativas dessa natureza, quando o potencial eleitoral de Paracatu e região foi desperdiçado por candidaturas sem consistência, a ideia de agora, ainda segundo os observadores políticos, tem mais viabilidade eleitoral. É que, além do prestígio local e regional da missionária, o projeto é diretamente incentivado e apoiado pelo apóstolo Doriel Oliveira, líder, fundador e coordenador nacional e internacional da crescente igreja Catedral da Bênção, cujos fiéis costumam apoiar irrestritamente as iniciativas, inclusive políticas, daquela confissão religiosa. Para completar, a Catedral da Bênção de Paracatu, que é regional, segue a liderança de sua missionária Marli Ribeiro e do pastor Paulo, seu marido, e coordena dezenas de templos e comunidades em cerca de 40 municípios do Noroeste, Alto do Paranaíba, Triângulo e Norte de Minas. E, além de representar o segmento feminino, Marli poderá buscar o voto de outras igrejas evangélicas. Só para constar, lembram, o ex-prefeito Arquimedes Borges, do mesmo PTB, não foi feliz; e o ex-deputado estadual Almir Paraca, do PT, só conseguiu chegar lá e ser eleito porque, embora bem votado aqui, foi buscar a outra metade dos votos necessários lá fora – estrutura com a qual Marli Ribeiro, em princípio, deverá dispor.
Marli Ribeiro tem autoridade e história para contar, fator visto também como trunfo eleitoral em potencial. Esposa do pastor Paulo Ribeiro, ex-vereador, campeão de votos e ex-presidente da Câmara, ela, além de outras obras sociais, coordena há vinte anos o Projeto Reviver, que cuida do difícil e doloroso processo de tratamento de doentes químicos, da prevenção e resistência às drogas, do resgate e reintegração dos dependentes e das suas famílias à sociedade – drama que, inclusive, enfrentou em casa. Apesar de várias vezes ameaçada, de morte até, já foi vista nas madrugadas de Paracatu entrando em bocas de fumo e outras drogas para arrancar do caminho tortuoso e muitas vezes sem volta algum sofrido dependente químico, familiar seu ou não, irmão de fé recaído ou não, sem levar em conta à qual igreja, família, situação social ou credo político a vítima pertencia. Em tais momentos, e isso querendo ou não atrai simpatia, parecia ter na cabeça, apenas, a poesia de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Os observadores políticos, desde já, pedindo desculpas pela expressão por ser a líder uma fervorosa evangélica, advertem: com relação às eleições parlamentares de 2018, segurem o tchan! Marli Ribeiro vem aí…
Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira