“Raimunda tem o direito de ser feliz”

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          Por ser oriunda de um lugar irreverente e picante, daí o nome “Do Toco do Pecado”, esta coluna não pode deixar de relatar o que acontece em tão boquirroto meio, ainda que, não raras vezes, o ocorrido beire as raias dessa chatice que está na moda e responde pelo pomposo nome de “politicamente (in)correto”. Dito isso, repercutiu profundamente no Toco recente sentença do desembargador Itamar de Lima, da Justiça de Goiás, que reconheceu o calvário que enfrentam as mulheres que têm o prenome de Raimunda…  
          A manifestação do magistrado, para quem “Raimunda tem o direito de ser feliz”, aconteceu a propósito de ação interposta pela recepcionista Raimunda de Jesus Ananias Mendonça, 44 anos de idade, que pleiteou, e só três anos depois conseguiu, passar a ser chamada de Gabriela Ananias Mendonça. Isso porque – argumentou sua advogada – Raimunda sofreu a vida inteira, coitadinha, por causa de engraçadinhos que cotidianamente faziam referências negativas à sua beleza facial, ainda que, utilizando de rima, reconhecessem virtudes em outra parte do lado inverso do seu corpo. Seu martírio cresceu ainda mais depois que grupo musical Raimundos gravou a faixa “Pequena Raimunda”, cujo refrão, depois da famosa rima, diz: Se ela ta indo até que dá pra enganar/ Se ela ta vindo não é bom nem olhar.
         Não se sabe se, agora sem a rima, os engraçadinhos continuaram torturando a pobrezinha, eis que não foi informado se também houve o envolvimento de algum cirurgião plástico na questão. E um dos habitués do Toco logo lembrou Drummond, o doce poeta itabirano, e o seu “Poema de sete faces”: mundo mundo vasto mundo,/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução.
          E já que estava em dia de uso e abuso do politicamente incorreto, a turma do Toco lembrou a anedota sobre  outro caso de pedido de mudança de nome por motivo parecido. Ocorreu que um estrangeiro que veio para o Brasil, não se sabe se procedente de Portugal, Espanha, Itália ou outro país, onde o sobrenome é amplamente utilizado, requereu o registro de um filho l e declinou o nome escolhido: Joaquim Costa. Por um descuido, o funcionário público grafou o sobrenome errado, trocando o “C” por um “B”. E o coitado virou vítima dos brasileiros, que não costumam perdoar esse tipo de erro, sempre tirando sarro com a cara do coitado. Diante de tamanho constrangimento, a ”vítima”, que havia herdado o sotaque dos pais,   procurou a justiça brasileira, dizendo que queria mudança de nome por não suportar mais tamanha gozação. Perguntaram a ele:
          – Como é mesmo o sem nome?
          – Joaquim Bosta! – respondeu, ressabiado.
          – E como vai querer ser chamado agora?
          – Manoel Bosta! – foi a resposta…      
 

Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira

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