Se o Partido dos Trabalhadores respeitar a sua própria história e uma das suas bandeiras mais caras e claras, a professora Núbia André deverá ser nomeada superintendente regional de Ensino de Paracatu. Durante anos, o Sind-UTE, que congrega os trabalhadores em educação e tem estreitas ligações com o partido, defendeu a utilização de eleição direta para escolha dos dirigentes da educação pública. A professora enfrentou recentemente um processo dessa natureza, exigido pelo novo Governo de Minas, e saiu vencedora. Mas o governador Fernando Pimentel ainda não bateu o martelo e existem pessoas interessadas no cargo e no restabelecimento do viciado método de indicação política para seu preenchimento.
Núbia é filha do saudoso maestro Zote André, que, sem nada receber, foi o abnegado saxofonista e dirigente da Sociedade e Corporação Musical Lira Paracatuense durante anos; e da também educadora e dirigente escolar Ivone André, ainda hoje colaborando com iniciativas sociais. Abraçou a causa da educação durante décadas, tendo, inclusive, presidido o Sind-UTE e liderado memoráveis campanhas e lutas dos trabalhadores da área de ensino. Ingressou no PT anos atrás, quando a legenda ainda era frágil, enfrentando pressões de diversos tipos, inclusive familiares, por causa da sua opção político-ideológica, mas sempre foi fiel à agremiação. Foi a primeira mulher a dirigir o Jóquei Clube Paracatuense, num momento em que a instituição caminhava a passos largos para o abismo, desastre que ela, com muito suor, ajudou a evitar. E agora, quando o novo Governo de Minas decidiu usar o processo de eleição direta para escolha dos superintendentes regionais de ensino mineiros, ao invés de buscar apadrinhamento, acatou a diretriz, foi à luta, se expôs e ganhou de outros concorrentes da região.
Como se vê e há muito se sabe, competência, direito e legitimidade para ocupar o cargo a professora Núbia tem. Resta saber se o PT vai abrir as pernas, jogar sua bandeira na lama e aceitar a interferência da politicagem justamente na educação, área mais importante na vida de qualquer país minimamente civilizado e sério.
Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira
