Zezinho Bonifácio, a sua “cela especial” e o futebol de Paracatu

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          É vasto o folclore político sobre personagens diversos, dentre eles  José Bonifácio de Andrada e Silva (1904/1986), o Zezinho Bonifácio, deputado por Minas de 1946 a 1979. Consta que, certa vez, após a extinção da velha UDN e criação da agremiação partidária  governista Arena, quando, como seu vice-presidente, o parlamentar  apoiava o regime militar instalado em 1964, Zezinho teria visitado  um presídio e encontrado vários presos políticos trancafiados em cela comum. Todos protestavam veementemente e reivindicavam o direito a cela especial. O que teria feito  então a velha raposa política mineira? Segundo o folclore, pediu a um guarda uma folha de papel qualquer e uma caneta, escreveu nela os dizeres “cela especial”, pregou nas grades e foi embora.

          Mutatis mutandis,  algo parecido ocorreu no futebol de Paracatu. O Unaí Esporte, time da vizinha cidade, em dificuldades para continuar participando do campeonato do Distrito Federal, simulou ter mudado o seu nome para Paracatu Esporte Clube, fez alguns treinos por aqui e até montou uma “república” temporária para seus atletas. O seu presidente, o falante capitão Elias, oficial aposentado da Polícia Militar, desenhou um mar de rosas, acrescentando que, além de outras vantagens, o nome de Paracatu receberia ampla divulgação nacional. Com esse discurso fácil, obteve aqui o apoio, inclusive financeiro, negado na cidade de origem. Até um razoável contingente de torcedores surgiu de uma hora para outra.

          O time do capitão Elias, militar que, quando na ativa, deve ter efetuado a prisão de muitos estelionatários, logo disputou o chamado Candangão. Depois, montou uma equipe que chegou a vice-campeã do DF na categoria júnior e habilitou-se a participar do famoso torneio Taça Cidade de São Paulo de Juniores. Só que, enquanto isso acontecia, o dinheiro e o apoio não, mas nome de Paracatu foi simplesmente preterido. Na vitrine de Brasília, o time que disputava era o Unaí Esporte. E agora, na outra vitrine maior, o certame de juniores de São Paulo, o suposto time da terra de Afonso Arinos é o “Unaí – Brasília”. Por causa dessa tapeação,  o apoio à equipe está sendo retirado e o sonho de verão dos desportistas locais de a cidade ter um time no futebol profissional, disputando importantes torneios, está virando piada. Ou seja: como no caso Zezinho Bonifácio, escreveu-se o nome de Paracatu num papel qualquer e só: o time, como a cela com os presos políticos, continuou exatamente como estava.  

          Diz um velho ditado popular que, quando o filho é feio, ninguém quer ser o pai. Quando foi anunciada a transformação do Unaí Esporte em Paracatu, diversos pretendentes a pais da idéia apareceram e até outros setores da sociedade caíram  na conversa.  Agora que se percebe que houve um mal disfarçado engodo, pelo qual se tenta responsabilizar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e sua burocracia, pouca gente quer assumir esse papel. Resta uma ressalva: a Liga Paracatuense de Esportes, segundo o seu presidente, Wendel Rocha Oliveira, cuida apenas  do futebol amador e nada tem a ver com o rolo. E  um consolo: o secretário municipal de Esportes, Valter José de Souza, jura que não houve investimento de dinheiro e nem de bens da Prefeitura ou por ela alugados nessa canelada. Se foi assim, menos mal.  Admite que ele, o vice-prefeito José Altino Silva e outras pessoas apoiaram o projeto, por vezes sacrificando o próprio bolso, mas sem utilização de recursos públicos.

Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira.
Foto: imagens da internet

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