A Copa do Mundo e a política

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           A discussão seria risível, surreal, se travada em país sério. Mas, em se tratando de Brasil, ela volta à tona de quatro em quatro anos: até que ponto a Copa do Mundo de Futebol influencia decisivamente o processo eleitoral nacional em curso no ano em que ela é realizada? Parece um absurdo que, apesar do seu fascínio, uma disputa futebolística tenha esse condão, num momento em que se discute o futuro de uma nação inteira. Felizmente, o brasileiro comum está aprendendo a discernir as coisas, embora muitos teóricos tenham transformado a questão numa espécie de cláusula pétrea, imutável: se a seleção brasileira ganha a Copa, é bom para os projetos eleitorais do governo de plantão; se perde, é bom para a oposição.

          Exemplo disso – intelectuais teorizando e o povo desmentindo na prática – ocorreu em 1.982. O time canarinho, sob o comando de Telê Santana, não foi campeão, mas uma plêiade de craques encantou o mundo, torcida brasileira no meio, que ficou com os brios em alta, mesmo com a injusta derrota. Nas eleições imediatamente posteriores, a oposição fez cabelo e barba em Minas Gerais (Tancredo Neves), Rio de Janeiro (Leonel Brizola) e São Paulo (Franco Montoro), principais colégios eleitorais e ciclos de decisões políticas do país. Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, por sua vez, venceu o pleito em 1.994, ano em que o Brasil foi campeão nos Estados Unidos, mas a sua vitória foi atribuída, isso sim, ao Plano Real adotado no governo Itamar Franco, no qual FHC  era ministro da Fazenda, que domou a inflação crônica que castigava o povo tupiniquim.

          Outras ocorrências que desmentem esse padrão ocorreram em 2.002 e 2006. No primeiro ano, o Brasil sagrou-se penta no Japão, mas o oposicionista Luís Inácio Lula da Silva, do PT, é que foi eleito residente; e, em 2006, o petista ganhou a reeleição, ainda que a chamada “pátria de chuteiras” tenha amargado uma derrota. Por fim, o Brasil perdeu a Copa de novo em 2010, mas Dilma Roussef, candidata situacionista, ganhou a eleição presidencial. Se valesse a equação simplória – vitória da seleção/bom para o governo; derrota da seleção/bom para a oposição -, muito provavelmente isso não teria acontecido. Ou seja: ganhar ou perder uma Copa pode influenciar parte do eleitorado na hora de votar, mas não de forma tão decisiva – seja a favor ou contra – como muitos supõem.

Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira

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