Enfim chegaram as férias escolares e a meninada a vontade curtindo o dolce fa niente, traduzindo, não fazer nada, lazer, tranquilidade, mordomia, enfim, descanso. O caro leitor pode me perguntar qual a relação de férias com saúde. Muito bem; eu explico com todo prazer.
Normalmente no período de férias a galerinha incute a liberação total e descompromisso com tudo. Pensam que por conta da ociosidade tudo deve ser liberado e a vontade. Como nosso tema é saúde e qualidade de vida, é nesse ponto que vamos bater. Essa presumida liberação por conta do merecido descanso na verdade é uma faca de dois fios, devendo ser muito bem administrado, pois esse momento esconde muitos perigos.
Durante o período escolar a turminha adquire o habito de acordar cedo, comer em horários regulares, ingerir alimentos saudáveis e balanceados, realizar atividades físicas e dormir cedo. Ocorre que na vigência das férias todo esse ritmo é alterado e para pior. A rotina diária e totalmente mudada devido ao descompromisso escolar e os pais erroneamente permitem que esse erro se mantenha um dia após.
A criança, adolescente e jovem que acordava as seis horas da manhã, fazia seu lanche matinal, dirigia-se a escola e, além de estudar também participava de uma atividade esportiva na aula de educação física. Agora por conta das férias, acorda as nove horas da manhã, ou até as dez, vai fazer o lanche matinal ali pelas onze, logo depois senta ou deita a frente do computador ou do vídeo-game e ali permanece por horas. O almoço Será quando ele perder uma partida no jogo ou um amigo (a) sair do bate-papo online. Isso se ele não tiver ao lado um mega pacote de “salgadinho”, uma garrafa de refrigerante, uns quarentas chicletes, um saco de bala de goma, amendoim torrado, uma caixa de bombons de chocolate e mil e outras guloseimas. Esse então será o ciclo diário daquele (a) estudante que uma semana atrás tinha a vida regrada e bem definida quanto a horários para refeições, atividade física e descanso (sono).
Pois bem vemos um contraponto perigoso e chamativo. Durante quatro meses existe um padrão de saúde digamos adequado para a realidade do estudante, que será drasticamente alterado em menos de uma semana. O perigo está nessa mudança súbita de alimentação e hábitos nada saudáveis. Esses são sérios candidatos a apresentarem sérias complicações de saúde hoje e amanhã. Normalmente são jovens que procuram o pronto-socorro com queixas de dor abdominal, náuseas, vômitos, coceira na pele, dor de cabeça e tantos outros sintomas. Naturalmente que fazendo um paralelo com o momento de ociosidade, péssima alimentação e inatividade física o médico saberá conduzir o caso. Chamo atenção aos pais para seguirem com a rotina desses jovens, mantendo uma boa e correta alimentação, atividade física diária, interação social e intelectual. Somos quase em totalidade o que comemos e o que fazemos.
Um jovem que muda bruscamente sua alimentação saudável para uma alimentação irregular corre o risco de desenvolver problemas gástricos importantes, doenças intestinais, cáries, alergias, desnutrição, elevação nos níveis de colesterol e triglicérides, entre outros problemas. A falta de atividade física pode provocar fraqueza muscular com presença de dor e câimbras e quando do retorno nas aulas de educação física, a ocorrência de lesões são comuns, pois a musculatura não está suficientemente preparada para o retorno aos eventos metabólicos e estruturais do esporte. De tal modo que essas lesões levará esse jovem ao médico.
A inércia diária frente ao computador e ao vídeo-game consumirá muito da intelectualidade desse jovem, provocando prejuízo no aprendizado, já que a preguiça facilita ao déficit cognitivo (dificuldade na memória, aprendizado, concentração, julgamento, raciocínio……). Mantê-lo estimulado com acesso a leitura, jogos de raciocínio, atividade social, cultural e familiar deve ser uma constante, a fim de promover o desenvolvimento intelectual.
Férias deve ser um período tão estimulante e prazeroso como a época das aulas, de forma que a continuidade das atividades sejam extremamente proveitosas e enriquecedoras. O jovem não deve e não pode entender que férias é uma pausa em sua vida, uma página em branco para ele escrever o que desejar. Ele deve entender e seguir com sua rotina, mas de forma mais lenta e pausada. E o momento para repor energias, recondicionar forças, rever conteúdos, analisar os erros e planejar o amanhã. Quem para corre o risco de ser pisoteado por quem vem logo atrás. Seja no contexto social, intelectual, sanitário e profissional.
Eu sempre digo; Pensamentos vagos, vida vazia, futuro incerto, história inexistente. Férias sim, inércia não.
Atenção pais!!! Coloque a galerinha para se mexer. O futuro de seu filho passa primeiramente por suas mãos. Que vocês sejam ativos hoje para não obstruírem o sucesso deles amanhã. Ofertem férias com qualidade e bom senso.
