Compatibilizar a extração mineral com o desenvolvimento sustentável, não só do empreendimento como também das comunidades onde estão inseridas, tem sido a prática adotada por grandes empresas do setor mínero-metalúrgico brasileiro.
Exemplos dessa postura foram apresentados pela Vale, Kinross e Alcoa em mesa-redonda realizada no dia 1º de setembro, durante o 11º Seminário de Metais Não-Ferrosos 2009 promovido em São Paulo pela ABM – Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração. Todas demonstraram que buscam a sustentabilidade em todas as fases do empreendimento, desde a implantação, operação, fechamento e pós-fechamento da mina.
Ir além da contratação e capacitação de profissionais locais foi uma unanimidade. As empresas elaboram diagnósticos socioeconômicos visando conhecer a realidade das comunidades e entender melhor as formas de contribuir para o seu desenvolvimento, implantando soluções conjuntas com o poder público e a sociedade civil.
“A mineração, por ter uma vida útil prevista, deve assegurar que as comunidades possam continuar se desenvolvendo após o término da extração”, disse Braz Maia Júnior, engenheiro máster de Meio Ambiente da Vale, que apresentou o projeto Cristalino, de lavra e beneficiamento de minério de cobre em Curionópolis (Pará).
“Entre outras ações estão os programas voltados para o fortalecimento da rede pública de ensino; criação de mecanismos capazes de contribuir com a melhoria da eficiência da administração pública, redução dos déficits de saneamento ambiental e habitacional; desenvolvimento físico, emocional e intelectual de jovens, por meio do esporte, da cultura e da qualificação profissional; aprimoramento das vocações econômicas das regiões, além da mineração, promovendo arranjos produtivos, suporte técnico, qualificação profissional, processamento e comercialização da produção”, afirmou ele.
O vice-presidente regional da Kinross Gold Corporation, José Roberto Mendes Freire, que falou sobre a mina de exploração de ouro no Rio Paracatu (MG), disse que o maior desafio é discutir o Plano de Fechamento com a comunidade durante toda a vida útil da mina.
“Temos planos para assegurar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das comunidades locais ao longo do projeto, emancipando a economia e atenuando eventuais impactos causados pelo encerramento das atividades do empreendimento mineiro”, reforçou Freire, complementando que antes de iniciar qualquer novo empreendimento, é necessário uma avaliação minuciosa dos aspectos ambientais e sociais da região para identificar, inclusive, outras áreas potenciais de geração de renda complementar para a comunidade.
“Nosso principal legado é garantir que as comunidades caminhem com as próprias pernas, mesmo após o término da extração mineral”, salientou ele.
Domingos Campos Neto, gerente regional de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho da Alcoa, levou dois exemplos de sustentabilidade na mineração de bauxita: a mina de Poços de Caldas (MG), que recebeu o prêmio de Excelência da revista Minérios e Minerales pelas ações de reconstituição da paisagem local, e a mina de Juriti (Pará).
Sobre este último projeto, disse que desde o início das atividades do empreendimento várias reuniões preliminares e audiências públicas foram realizadas com lideranças comunitárias, instituições públicas e privadas e outras partes interessadas, em Juruti, Santarém e Belém para divulgação do projeto e definição de Planos de Controle Ambiental-PCAs e uma Agenda Positiva.
“Os dezenas de programas que integram os PCAs, abrangem ações de monitoramentos do clima, ar, ruídos, águas, conservação da flora e fauna, produção de mudas, educação ambiental, atendimento médico-sanitário e educacional, segurança pública, valorização e resgate da cultura local e apoio à elaboração do Plano Diretor do Município de Juruti, entre outras”.
Através da Agenda Positiva, a companhia desenvolve ações complementares que beneficiam diretamente a comunidade local. “Atendendo aos principais anseios das populações, buscamos assegurar melhorias nas áreas de saúde, educação, cultura, meio ambiente, infraestrutura urbana e rural, segurança e justiça, e assistência social”, salientou o executivo.
“Estamos aprendendo com a comunidade local a implantar um modelo inovador de desenvolvimento sustentável em projeto de grande porte, que respeita a cultura e tradições locais e retribui para a população os benefícios que o empreendimento traz para a empresa”, complementou Campos.
www.abmbrasil.com.br