Tarzan Leão conta como foram suas “52 Semana On Line”

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Tarzan Leão, 45 anos, casado com sua ex-professora Ana de Freitas Leão, pai de Sandino Martí (22 anos) e Jó Mateus (16 anos); filho de Inácio e Maria, nascido em Ipueira-RN. Em Paracatu desde 1995, quando veio para ser assessor do Ex-Prefeito Almir Paraca, com quem mantem uma boa amizade até hoje. Professor de Filosofia, escritor e assessor de comunicação da Prefeitura de Paracatu, a convite do prefeito Vasco Praça Filho. Admirador do presidente Lula. "-É sem sombra de dúvida o maior brasileiro que o século XX viu nascer". Na literatura, Dostoievski, Tolstoi, Ismail Kadaré, Machado de Assis, Guimarães Rosa e muitos outros. Nas ciências sociais, Marx e René Girard.

Quando está de folga, gosta de ler, escrever e tocar violão (agora tem uma guitarra acústica, a Luana, dada por seus filhos. Aposentou o violão). Se lhe perguntam: Por quem é admirado? Não saberia dizer. Quem admiro? Ana, sua mulher, que o esperou durante seis longos anos, num período em que fazia fileira na ordem dominicana. Também por ela é questionado. Assumiu como meta não publicar nada sem antes passar pelo seu crivo.

Tarzan é membro da Academia de Letras do Noroeste de Minas desde 1998, ocupa a cadeira Cora Coralina, já escreveu vários livros, a maioria dos quais ainda aguardando publicação. No futuro quer viver exclusivamente de literatura.

Breve Histórico

Em junho de 2009 Tarzan produziu três pequenos textos que o site www.paracatu.net publicou em seus destaques dada a repercussão que o assunto estava tendo na cidade. Com o passar dos dias, a audiência já superava mil internautas por dia, Tarzan iniciou uma série programada, que propôs, na ocasião, escrever durante um ano, ou, para ser mais preciso, por um período de 52 semanas. E assim aconteceu. Os artigos foram ganhando leitores e se multiplicando com picos audiência de até 5 mil leitores durante uma semana.

Paracatu.Net: Escrever para um público que não é aquele que você costumava a escrever, que são os tradicionais leitores de livros, trouxe algum desafio pra você?

Tarzan: Muitos desafios. A internet é um universo muito amplo, meio terra de ninguém. A gente não sabe ao certo para quem está escrevendo. Ainda é muito indefinido o perfil etário e social dos internautas. É, por isso mesmo, um público heterogêneo, o que dificulta definir o foco exato de quais assuntos abordar, que recursos linguísticos utilizar, etc. O maior desafio, no entanto, era fidelizar o meu leitor. O primeiro passo foi escolher um dia determinado, no caso, a quinta-feira, e apresentar assuntos interessantes. O escritor tem de ser um provocador, porém não o suficiente para perder seus leitores. Penso que foi isso o que aconteceu.

Paracatu.Net: Qual o texto que você se recorda com mais admiração de si próprio? Como se fosse ideia de um escritor que você admira?

Tarzan: Ainda não reli todos os textos, não saberia dizer… (risos)

Paracatu.Net: Te incomoda saber que 83% dos internautas lêem apenas o títulos das notícias e artigos que encontram, sem aprofundar no assunto?

Tarzan: Incomoda, sim. Tive dois textos (“Não, Jesus Cristo não é minha paz” e “Graças a Deus sou ateu”) que foram duramente criticados pelos leitores por absoluto desconhecimento do conteúdo. Pelo título, imaginaram o conteúdo. Isso ficou evidente nos comentários. Tanto foi que outros leitores partiram em nossa defesa e alguns reconheceram. Mas, devo dizer, em alguns momentos escolhi títulos polêmicos para suscitar o debate, a manifestação. Sempre gostei muito disso, da polêmica, do debate. Sou, por natureza, um polemista.

Paracatu.Net: Como você conseguiu prender a atenção de um público que prefere imagens e tem dificuldade com textos, como é o usuário de internet?

Tarzan: Porque procurei apresentar assuntos de interesses gerais, como religião, comportamento, Deus, Bíblia, sociedade. E também porque busquei, ao máximo, não abusar de termos técnicos e enfadonhos. Às vezes, fui porta-voz de uma minoria que não é ouvida, que é massacrada pelos mass media. No mais, por pura generosidade dos frequentadores do Paracatu.net. Aliás, penso que foi por isso: generosidade. E sou muito grato aos leitores. Sem eles, para quem eu escreveria?

Paracatu.Net: Você acha que o prazer de “ler” um livro irá resistir ao avanço da internet e da digitalização?

Tarzan: Tudo muda. Não acredito que o livro tradicional irá sumir completamente. Vai resistir. No entanto, penso que nos próximos dez ou vinte anos o livro eletrônico irá superar o tradicional. Não vejo a hora de poder ter o meu iPad e andar, por exemplo, com os livros de minha preferência (a Bíblia, nos originais hebraico e grego, Dostoievski, Girard, Saramago, Kadaré, Machado de Assis, Platão, Aristóteles, Santo Tomás… a lista é grande) na mochila. Imagine quanto vamos economizar de espaços em nossa casa. E olha que tenho uma biblioteca pequena, com pouco mais de 2 mil títulos. Mesmo assim ocupa um compartimento inteiro da minha casa. O livro eletrônico vai comigo, me acompanhará na enfadonha fila do banco, do médico, do dentista. Felizmente não sou resistente às mudanças nem tenho saudade do passado. Prefiro as músicas em MP3 ao LP, o notebook à minha velha Remington, minha Canon 30D à ultrapassada Zenit, o carro à liteira. Não há razão para se ter saudade do passado. Procuro ser um homem do meu tempo. Parafraseando o compositor popular, meu tempo é hoje. Que seja bem-vindo o livro eletrônico e que Deus me dê condições de logo poder comprar o meu…(risos)

Paracatu.Net: Durante estas 52 semanas você teve mais comentários elogiosos ou críticas? Alguma crítica que você discorda?

Tarzan: Foram mais elogios. Reprovo, rechaço e abomino a crítica pessoal. Infelizmente muitos leitores entram no site para proferirem ofensas pessoais, em vez de entrarem no debate de ideias, sadio, enfim. Meus textos sempre foram assinados, com direito a fotografia. O importante é debater ideias, sejam elas divergentes ou convergentes. Não há debate quando todos concordam Toda unanimidade é burra, já dizia Nelson Rodrigues. É preciso o contraditório. Aliás, esse é o processo dialético: tese, antítese e síntese. É assim que se estrutura o meu pensamento. Então, regra geral, aceito bem as críticas, desde que fundamentadas e sem ofensas pessoais. Não dá para levar a sério um leitor que, em vez de apresentar alternativa ao meu texto, me chama de estrangeiro, nordestino, careca, feio… (risos) numa tentativa covarde de me desqualificar. Porém, o maior problema da internet é o anonimato. Escondido por trás de nickname, é fácil criticar. Mas esse, creio eu, é o recurso dos covardes. A palavra é dura, mas é assim que penso, fazer o que… (mais risos)

Paracatu.Net: O livro terá alguma novidade? Ou será exatamente o que os leitores viram no www.paracatu.net?

Tarzan: Farei apenas pequenas adaptações. No geral, será o mesmo texto. Estou nessa fase de revisão, releitura. Um trabalho chato, cansativo. Preciso terminar para enviar os originais para a editora num prazo máximo de 15 dias. O detalhe é que cada texto trará o dia em que foi veiculado.

Paracatu.Net: Qual seu próximo projeto “on line”?

Tarzan: Tem algum tempo que quero fazer um estudo sobre um mito arquetípico: A arca de Noé. As culturas antigas quase todas contam histórias de o mundo se acabando em água e algum louco (risos) escapando depois de construir um barco. Vejo a Estação Internacional como o exemplo mais atualizado deste tema. A nossa casa, as sociedades filantrópicas (maçonaria, Rotary, igrejas) são também arcas. A arca é algo que nos acolhe e nos protege diante de perigos iminentes. Talvez eu escreva sobre isto. A ideia é escrever um livro e ir soltando os capítulos semanalmente. Mas, primeiro, preciso descansar dois ou três meses e estruturar melhor a história, terminar a pesquisa que já estou fazendo, enfim.

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