O Cartaz da Campanha da Fraternidade

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De maneira geral, a Campanha da Fraternidade suscita reações favoráveis e contrárias. Sempre há quem é favor, quem é contra. Isso faz parte da liberdade de opinião e de expressão. É o jogo democrático. Não seria diferente se Jesus viesse ao mundo em nossos dias. Como nos seus dias aqui na terra, sempre haveria alguém pró, alguém contra Jesus. Por que estou a dizer isso?

Na internet choveu de interpretações positivas e negativas sobre o Cartaz da atual Campanha da Fraternidade, o que não prejudica nem anula seus objetivos. Ao contrário, dá mais transparência à interpretação que o autor teve em mente ao elaborar o cartaz. “O cartaz atualiza o encontro do Bom Samaritano com o doente que necessita de cuidado” (cf. Lc 10, 29-37), explica o autor. “A mão do profissional da saúde, segurando as mãos da pessoa doente, afasta a cultura da morte e visibiliza a acolhida entre irmãos. O profissional de pé, o enfermo sentado, olhos nos olhos, lembram o compromisso e a dedicação do profissional da saúde, no processo de cura do paciente e a confiança do doente naquele que o acolhe e cuida”.

Na verdade, o cartaz mostra duas pessoas felizes: uma por estar atendendo bem; e outra por estar sendo bem atendida. O profissional sorri provavelmente consciente de sua competência. Sorri o idoso, aparentemente feliz e com boa saúde. “A acolhida e o cuidado aliviam a dor, estabelecem uma relação de confiança decisiva para a cura e a superação das barreiras sociais. A cruz, que sustenta e ilumina o sentido do cartaz, recorda a salvação que Jesus Cristo nos conquistou. Ela ilumina a vida humana, a morte, as dores, o sofrimento das pessoas sem assistência de saúde.

No entanto, é ela também que ilumina o encontro entre o profissional da saúde e o doente, pois aponta para a esperança da transformação completa: um novo céu e uma nova terra. A alegria do encontro retratado no cartaz recorda aos profissionais da saúde que foram escolhidos para atualizarem a atitude do Bom Samaritana em relação aos enfermos. Mobiliza os gestores do sistema de saúde a se empenharem para possibilitar atendimento digno e saúde para todos. Que a saúde se difunda sobre a terá”.

O cartaz mostra o sonho, mais que a realidade. Sonho presente no coração de todos: a saúde. Na verdade e frequentemente, muito distante da realidade. Penso que não faltou inspiração a quem escolheu e aprovou em concurso esse cartaz. Também eu o aprovo. Porém, penso eu, o rosto sofredor de Jesus pode ser mostrado, de forma melhor e com mais realidade, nas longas filas de espera para uma consulta. O rosto sofredor de Jesus mais aparece no rosto daqueles que, com a consulta marcada, esperam dias e dias, até semanas e meses e com a possibilidade de perder a consulta por não ter como chegar a tempo ao local, ou por falta de médico, que poderá recorrer a uma desculpa qualquer para não atender o paciente.

Jesus se identificou com os doentes. O cartaz poderia retratar o Cristo enfermo na sofrida agonia de tumultuados corredores de hospitais, verdadeiros Calvários. Poderia ser mostrado no sofrimento de quem não encontra uma vaga em hospital e começa uma desesperada peregrinação de hospital em hospital, sonhando com a internação, enquanto vê a morte se aproximar. Não é essa a realidade que, com frequência e perplexos, vemos nos noticiários de televisão? Sugestivo também seria o cartaz mostrando meninos e meninas de rua, explorados e abusados de tantas maneiras, e criminosamente aliciados por perversos adultos para o tráfico de drogas.

Caberia no cartaz o rosto de Cristo enfermo morrendo por contaminação ou infecção hospitalar. Realisticamente, o cartaz poderia mostrar Jesus num comício, ouvindo políticos prometendo solucionar a questão da saúde. Ou mostrar também ministros, parlamentares e secretários da saúde propondo legalizar a criminosa prática do aborto, sob o argumento de que o aborto é questão de saúde pública. Na certa, para matar um nascituro inocente e indefeso não vai faltar dinheiro. Ah! O cartaz da CF poderia mostrar como a saúde vem sendo comercializada em planos de saúde que marginalizam os pobres e os sujeitam a hospitais públicos sucateados.

Iríamos longe nessa apresentação de “outros cartazes”. “Que a saúde se difunda sobre a terra” clama o cartaz da atual Campanha da Fraternidade. Saúde integral: do corpo, da mente e da alma. Campanha da Fraternidade é coisa séria. É o jeito certo e fraterno de se caminhar na quaresma na direção do Cristo Pascal. Jesus morreu e ressuscitou para que todos tenham vida e saúde. Busquemos na Palavra de Deus a luz necessária que nos leve a ser próximos e solidários dos enfermos, como fez Jesus, e a exigir políticas públicas que garantam a todos a prevenção das doenças e o seu tratamento, para que todos tenham vida e vida plenamente. “E que a saúde se difunda sobre a terra”.

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