“Obrigado, Paracatu!”

whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button

Ao chegar a Paracatu, o choque cultural foi enorme – em todos os sentidos. Com paciência, soube suportar as dificuldades pelo contato com amigos como Nelson Biulchi, Paulinho da Adega, Heitor Campos Botelho, Rogério Vargas, Rafael Schena e suas famílias, além da convivência com meus colegas de jornal.

Muito vi de Paracatu nesse tempo todo, e as observações, as vivências e as impressões tiveram peso na minha decisão – algumas das quais faço questão de compartilhar pela linha ética transparente e profissional que demonstrei aos amigos, colegas e leitores.

Na política, por exemplo, você denunciava, e os culpados faziam do jornalista o vilão da história. Alguns políticos, inclusive, serviam-se da hipocrisia: enquanto na vida civil armavam suas teias no oculto, na religiosa enfiavam-se em igrejas por sua crise de consciência, numa autoexpiação pelo seu agir público. Outros, no entanto, mostraram maturidade por conviver com uma imprensa livre.

Também me chamou atenção a novela da mineração. No inflamar das discussões, era triste ver líderes comunitários e políticos de plantão se aproveitarem do ímpeto coletivo para tirar vantagens e a seriedade da questão. Enquanto isso, a comunidade ficava desorientada sobre os reais impactos ambientais. E no palco de discursos acalorados, Corpo de Bombeiros e outras necessidades ficavam por trás da cortina da demagogia.

Em meio a esse enredo, uma empresa pagou R$ 300 mil por um espetáculo de aniversário da cidade, e o poder público aceitou como se fosse a maior benfeitoria do mundo. Foi como se retornássemos ao tempo em que os colonizadores do Primeiro Mundo exploravam os do Terceiro; como se o “pão e circo” da Roma Antiga fosse reeditado para proporcionar diversão e calar a indignação massiva. Ou alguém dá dinheiro em troca de nada?

Saibam bem: não tenho rabo-preso com ninguém – político ou multinacional – para não expor meus pontos de vista.

Antes, circularam boatos de que recebi ameaças para sair da cidade. Nesse tempo, fui boicotado por políticos da banda podre e não raras vezes tive que me calar para não prejudicar o jornal. E, sim, recebi uma ameaça em 2010, após a publicação de um fato relacionado a fraudes em linhas de crédito para assentados, além de avisos de terceiros para não “mexer com isso”. Mas não seria motivo de me fazer sair, pois nunca me intimidei diante de ocorrências desse tipo – nem com as pífias ameaças de processos dos que, sabiamente, se remoíam calados em sua culpa.

Por fim, saliento a riqueza de Paracatu, a história, a tradição de pessoas de bem que se somam à acolhida daqui; também, sua gente talentosa em artes como a dança, a música e a literatura, orgulhosa quando, nos atos públicos, canta forte o hino da cidade.

Para onde vão, as pessoas carregam em si as lembranças de onde estiveram. De mim, restarão a saudade dos amigos e a vontade de um dia revê-los.

Muito obrigado por tudo!

Márcio Cavalli
Jornalista profissional
DRT/DF nº 9.297

XMCred Soluções Financeiras
whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button