Que faixa de pedestre, que nada!

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Com a economia em processo de crescimento e agora ostentando o título de patrimônio histórico nacional, Paracatu tem motivos fortes para orgulhar-se, embora tenha que lidar, como qualquer outra cidade do seu porte, com diversos obstáculos, entre os quais o do trânsito.

Sem menosprezar a marcante atuação da Polícia frente à criminalidade e também a preocupação da Prefeitura em sinalizar as vias e os acessos, construir lombadas, entre outras realizações importantes, percebe-se que a desordem na circulação de veículos vem ganhando espaço na mídia e vem a constituir-se em mais um problema que merece a atenção de todos, principalmente por tratar-se de risco para a população que, de uma maneira ou de outra, tem afetado o seu direito de ir e vir com segurança.

Para estrear o elenco das infrações, está a intolerância dos condutores que sem temer uma “garfada” nos seus bolsos e pontos descontados em suas habilitações, estacionam veículos em locais impróprios. Tornou-se comum, por exemplo, faixas de pedestres e rampas de acesso para cadeirantes estarem ocupadas por carros e outros meios de transporte.

Mas isso é só parte da problemática que envolve o trânsito na cidade, que de acordo com dados do IBGE e do Detran-MG, teve sua frota de veículos ampliada em 150% num período de 9 anos(9.737 veículos em 2000 para 24.522 em 2009), graças à facilidade de acesso ao financiamento e à cultura de que possuir um carro é sinônimo de status social, entre outros fatores.

Localizar uma vaga para estacionar nas vias de maior circulação de Paracatu, como nas avenidas Joaquim Murtinho e Deputado Quintino Vargas, tornou-se muito difícil e por isto e sem medir as conseqüências, alguns motoristas utilizam uma prática que põe em risco a si próprios e aos demais atores do trânsito: Trata-se de parar o veículo em plena pista e, como suposta justificativa para a ação, ligar o pisca alerta, para por exemplo aguardar alguém que está no supermercado ou numa loja qualquer.

Com a expectativa de democratizar o uso do espaço destinado aos veículos, já se houve falar em Zona Azul, não muito pelo poder público, mas pela associação comercial local, principal interessada em garantir a comodidade de sua clientela. A implantação dessa área especial para estacionamento, por sua vez, implicaria pagamento de taxa, que a exemplo de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, oscila entre R$ 0,50 e R$ 1,00 para períodos de meia hora e uma hora, respectivamente. A despesa provocaria uma reflexão em cada condutor e por isto, poderia evitar a grande concentração de veículos estacionados nas ruas do centro da cidade.
O acentuado número de motocicletas em circulação no município também reflete uma questão a ser equacionada pelos órgãos que gerenciam o trânsito local. A falta de fiscalização intensiva deu lugar a uma série de abusos e infrações, como ultrapassagem pela direita ou entre dois veículos em movimento, não dar preferência aos pedestres em suas faixas de travessia e estacionar em vagas destinadas a carros.

Também não estão de fora desse cenário preocupante as bicicletas, que embora representem um meio de transporte ecologicamente correto, propulsor de exercício físico e economicamente viável (acessível à grande maioria e dispensa grandes investimentos para a sua circulação), interferem no fluxo dos demais veículos e representam um risco para a segurança no trânsito, uma vez que se tem constatado o tráfego de ciclistas pela contra-mão ou pelo meio da pista. Há de pensar-se e estudar-se a viabilidade ou não de implantação de ciclovias na cidade, que seria uma forma, inclusive, de estimular o uso desse meio de locomoção em substituição aos demais.

Já os ônibus que operam o transporte coletivo em Paracatu, infringem as normas de trânsito na medida em que não adentram ao seu ponto de parada e permanecem parados em uma das faixas de circulação, de modo a interferir na dinâmica do tráfego e a exigir que o usuário desse sistema tenha que atravessar o estacionamento para embarcar-se.

Prática ilegal denunciada recentemente na TV Paracatu, emissora afiliada da Rede Minas, revelou a ação de proprietários de estabelecimentos comerciais que colocam cones e engradados para demarcar vagas de estacionamento para si e para seus clientes, o que é inaceitável por tratar-se de espaço público, portanto disponível para toda a população.

Na região do Núcleo Histórico de Paracatu não é difícil lavrar um flagrante de desrespeito dos condutores ao patrimônio ali existente. Em algumas ruas, onde há a sinalização de “proibido tráfego de veículos pesados”, caminhões transitam livremente e até permanecem por horas estacionados para efetuarem a carga e a descarga de mercadorias. É sabido que a movimentação de transportes dessa natureza – e não estão isentos os ônibus – provoca danos no casario histórico, como rachaduras nas paredes e deslocamento das telhas.

O desrespeito freqüente às leis de trânsito não impera apenas no miolo da cidade, mas também nos bairros, onde a inconseqüência e a arrogância tomam conta do espaço que seria de todos: No Amoreiras 2, boa parte dos passeios da única e pequena praça do bairro é tomada por mesas e cadeiras de um estabelecimento comercial de bebidas e petiscos, o que força a circulação de pedestres pelas ruas e coloca-os em situação de risco. Ainda no mesmo bairro, que concentra alto número de oficinas mecânicas, as ruas tornaram-se extensões para a realização dos serviços destes estabelecimentos e é comum o descarte de resíduos, como óleo e outros, nas vias.
A organização do trânsito na cidade não é tarefa simples de resolver e também não pode ser alcançada sem o empenho da comunidade e o esforço conjunto dos seus responsáveis. O desenvolvimento econômico deve sim ser almejado, mas de modo que haja sustentabilidade para a população e um motivo a mais para que o turista venha visitar a cidade: beleza, segurança e acessibilidade.
XMCred Soluções Financeiras
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