O pecado da Soberba

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A soberba ronda as nossas vidas sem que a percebamos. Basta ver a nossa reação, por exemplo, diante da derrota da Seleção Brasileira de Futebol para qualquer outro país, para o clima de desolação tomar conta da Nação. Sentimos-nos, pelo menos em matéria de futebol, os melhores do mundo e, por isso mesmo, temos de ganhar sempre. A soberba pode manifestar-se de várias formas, mas duas merecem destaque: a primeira é a que chamamos de soberba coletiva, que pode muito bem ser traduzida por xenofobismo. Ou seja, somos, enquanto coletividade (cidade, Estado ou Nação), melhores do que os “outros” e mais, somos autossuficientes, de maneira que nos bastamos a nós mesmos. Mas, há também a soberba individual, que é quando o sujeito se acha acima dos demais: ele é o mais sábio, o mais bonito etc. e tal. Numa palavra: ele se acha “o cara”.

A soberba tende a ser, em ambos os casos, arrogante e portadora única da verdade. Por isso, os soberbos não aceitam críticas. Esperneiam, gritam, fazem ameaças, choram e se sentem injustiçados. Tudo isso porque não admitem errar. São perfeitos. Plenipotenciários. Acham-se semideuses ou algo que o valha. “O soberbo quer superar sempre os outros, mas quando é superado, logo se deixa dominar pela inveja. Para o soberbo, ele deve sempre estar no topo, sendo o parâmetro mais alto para as pessoas, despertando interesse e curiosidade de todos. Quando é superado, logo o soberbo se sente ameaçado, atingido, sendo tomado pela inveja no sentido ruim, querendo depreciar os outros e vangloriar-se, sem que para isso se estruture para se superar ou até fazer uma avaliação da vida, dando-se em determinado momento por satisfeito.”

A principal raiz do nacional-socialismo (a doutrina defendida por Hitler e seus asseclas) era a soberba. A ideia de que existe uma raça pura, superior às demais, é a mais nítida expressão do chauvinismo. Hitler, nunca é demais lembrar, não nasceu de uma hora para outra. Sua doutrina encontrou eco numa sociedade com sérios problemas emocionais, antes de se tornar uma política de Estado. E mais: aquela sociedade tinha, dentro de si, no íntimo de cada indivíduo, uma porção Hitler. Do contrário, sua doutrina jamais teria chegado ao ponto aonde chegou.

Para o autor sagrado, “o princípio de todo pecado é a soberba: quem a tiver, fará ferver a maldição” (Eclo 10, 15). Santo Tomás de Aquino, escrevendo sobre o tema, nos adverte que “alguns dizem que a soberba significa três coisas: 1. O apetite desordenado da própria excelência, e assim é um pecado especial. – 2. Certo desprezo atual de Deus, com o efeito de não submissão aos seus mandamentos: então se diz que é um pecado geral. – 3. Certa tendência da natureza corrompida a este desprezo, e assim dizem que é o início de todo pecado. Ela difere da avareza, porque a avareza no pecado diz respeito à conversão ao bem mutável na qual o pecado encontra de certo modo seu alimento e sustento. É por isso que a avareza se diz raiz, mas a soberba no pecado diz respeito à aversão de Deus cujo preceito o homem recusa aceitar. É por isso que soberba é chamada o início, porque é pela aversão que começa a razão do mal.” Diz ainda que “pertence, pois, à soberba não submeter-se a alguém superior, e principalmente não querer submeter-se a Deus. Daí vem que o homem se eleva indevidamente acima de si mesmo segundo todas as outras formas de soberba. O homem ama-se a si mesmo enquanto quer sua excelência, porque é a mesma coisa amar-se e querer o bem para si. Portanto, é o mesmo afirmar que o início de todo pecado é a soberba ou o amor próprio.”

Não há razão alguma para nos sentirmos superiores a ninguém, nem coletivamente nem muito menos individualmente. No frigir dos ovos, não somos nada. Seres finitos que caminham para a morte, independentemente de nacionalidade, cor da pele, lugar social ou sexo. Estamos na Terra de passagem, de modo que não superiores nem inferiores a ninguém. Somos iguais. Porque assim quis o Criador.
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