Como se vê, não se trata de ineditismo. Afinal, iniciativas semelhantes vêm sendo tomadas por diversas Casas Legislativas Brasileiras. Mas aqui, mais que em outros lugares, isso representa um reencontro de um povo com a justiça e com a sua história.
Ensina o escritor e historiador Oliveira Mello que, embora ocorrida anos antes, a descoberta das reservas auríferas de Paracatu só foi oficialmente comunicada ao Governo da Província em 1.744. E foi muito importante para Minas Gerais, o Brasil, Portugal e o mundo. É que, na ocasião, caminhava a passos largos a exaustão das demais minas de Minas.
A notícia de um Novo Eldorado, aliviando a barra do império português que ameaçava com a derrama, conferiu grande pujança ao antigo Arraial de São Luiz e Santana. Que, por isso mesmo, foi emancipado e elevado à categoria de Vila de Paracatu do Príncipe por alvará régio 54 anos depois.
Para trabalhar nas minas, de forma a garantir o progresso cor de ouro, foram importadas levas de escravos africanos. E foi o braço escravo, ainda não suficientemente reconhecido, que edificou muito da prosperidade passada, base da presente, alicerce da futura. E contribuiu o povo afro, decisiva e positivamente, no processo de formação cultural da nossa gente.
É por isso que a ação parlamentar de Rosival Araújo, publicamente aplaudida pelos seus colegas Graça Caetano Jales, do PSB, e José Maria Coimbra, do DEM, não é a repetição do que já ocorreu em outras cidades brasileiras.
Aqui, em razão das particularidades de Paracatu, ela é o aflorar de um soluço secular, de um grito que não quer e não pode calar contra a injustiça, a barbárie e a humilhação praticadas contra uma raça.
