Não é de hoje que o consumidor reclama dos preços praticados pelo comércio de Paracatu, sobretudo pelos estabelecimentos do ramo alimentício. Na época da inflação alta, o abuso era tamanho que muita gente saía daqui para fazer feira em Brasília. Vendo o consumidor bater asas, os comerciantes caíram na real e maneiraram no exagero. Mas, volta e meia, eles têm recaídas, e que recaídas. O mais intrigante é que os preços são praticamente os mesmos em todo lugar, não raras vezes coincidindo até nos centavos…
E você acha que o fenômeno é novo? Nada disso. Em outubro de 1857, o Ministério do Império enviava, também à Câmara de Paracatu, circular em que o Imperador Dom Pedro II pedia informações relacionadas à carestia reinante. O Imperador queria saber quais as causas da elevação dos preços dos gêneros alimentícios básicos na alimentação da grande massa do povo; se a carestia decorria da redução da produção ou de outra causa (especulação?); se os altos preços eram detectados somente nos mercados (os atravessadores de ontem) ou também junto aos produtores; se a carestia era decorrente de causas passageiras ou não; e se ela atingia todos os produtos alimentícios.
Pois é. 152 anos atrás, apesar da inexistência de uma democracia ampla, a carestia que martirizava o povo já preocupava o Governo Imperial e o governante, que não eram eleitos pelo povo. Com a proclamação da república, em 1889, caíram o Império e o Imperador, que exilou-se na França. Mas os preços praticados em Pacacatu, estes resistem, não caem e continuam altos até hoje.