O mal existe e não há como negá-lo. Ele está presente em nosso dia-a-dia e, embora se apresente com os mais diversos nomes, é sempre possível identificá-lo.
A questão do mal sempre inquietou a filósofos e teólogos. Aliás, me arrisco a dizer que uma das razões para a existência da religião seja a luta do homem contra o mal. Porém, o mal não é algo que esteja apenas fora de mim, ou no outro. O mal enquanto potência – e aqui recorro a Aristóteles – está dentro de mim e de você que agora lê este artigo. De modo que a luta contra o mal para ser eficaz há de ter dois alvos: precisamos lutar contra o mal que está no outro e travar, diuturnamente, a nossa luta pessoal contra o mal que está dentro de nós mesmos. Na maioria das vezes ele está adormecido – enquanto potência – de maneira que nem o percebemos; mas, de uma hora para outra ele pode se manifestar – passando a ato – e até nos surpreender. É quando perdemos a razão e cometemos as piores atrocidades.
Não penso a questão do mal de um ponto de vista dualista. Sou, por princípio, contrário a qualquer ideia que possa levar a algum tipo de dualismo. Nós, seres humanos, somos, em essência, uns desequilibrados, Homo Sapiens Demens, conforme as mais recentes conceituações antropológicas. Segundo essa ideia, o Homem não é apenas um ser dotado de razão e entendimento, mas também, e, sobretudo, dotado de paixões, cóleras, gritos, mudanças abruptas de humor, manifestando uma afetividade extrema e que o leva ao desatino.
A sociedade brasileira está mergulhada numa profunda crise ética e moral. A família, núcleo primevo de qualquer sociedade, está completamente desestruturada. É claro, a questão social, embora não seja determinante, tem uma influência enorme nesse triste quadro. Pais desempregados, ou mesmo pais e mães que saem para trabalhar e são forçados a deixar seus filhos na rua, à mercê da própria sorte, tudo isso deixou a família vulnerável, frágil, desprotegida. Não bastasse tudo isso, a proliferação de entorpecentes – álcool, crack, maconha, merla – surge como a porta principal para a entrada num mundo sombrio donde só se sai quase sempre para a morte.
É preciso lutar contra o mal. Porém, o que muitos considerados justos fazem é simplesmente cruzar os braços, principalmente se ainda não foram atingidos diretamente pelo mal. Noutras palavras, não basta ser justo, ser bom não é suficiente; é preciso lutar permanentemente por um mundo melhor, por uma sociedade onde possamos viver em harmonia, tal qual sonhou Isaías (65, 20-25) quando anunciou um tempo novo para Israel. Assim disse o profeta sobre a nova Sião: “Não haverá ali crianças que só vivam alguns dias, nem adultos que não completem os seus dias, pois será ainda jovem quem morrer com cem anos. Não alcançar os cem anos será maldição. […] Ninguém trabalhará sem proveito, ninguém vai gerar filhos para morrerem antes do tempo, porque esta é a geração dos abençoados do SENHOR, ela e seus descendentes. […] Lobo e cordeiro pastarão juntos, o leão comerá capim junto com o boi, quanto à serpente, a terra será seu alimento. Ninguém fará o mal, ninguém pensará em prejudicar na minha santa montanha” — diz o SENHOR.”
Para viver esse novo tempo, basta querer.Só depende de nós. De cada um de nós.
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